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humberto luiz peron

 

28/06/2011 - 15h34

Os pernas de pau estão com os dias contados

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O futebol está vivendo o final da era de jogadores que sabem desempenhar apenas uma função. Em pouco tempo, não teremos mais os chamados atletas voluntariosos - ou, se preferirem, grossos - jogando. Não vai haver mais espaço para aqueles que entram em campo somente para dar carrinho, fazer faltas ou dar chutões para o lado que o nariz aponta.

Daqui para frente vai ser exigido que o atleta, independentemente de sua função, tenha habilidade e saiba o que fazer com a bola quando ele está em posse dela.

A começar pelos goleiros, além de serem muito bons sob as traves, já é primordial que saibam jogar com os pés quando recebem um recuo e tenham habilidade para repor a bola em jogo. Também é exigido que qualquer jogador da posição faça a função de zagueiro em alguns momentos. Da maneira que o futebol é jogado hoje, não dá mais para o goleiro ser tratado como uma peça isolada do time.

Também não há mais espaço para zagueiros de cintura dura, que só sabem rebater bolas. Os defensores precisam ter velocidade para combater os atacantes longe da área e técnica para não cometerem faltas - não custa lembrar que jogadas de bola parada se transformaram em chances claras de gol.

Além de defender, cabe aos zagueiros o início das jogadas ofensivas do time. Passa a ser primordial aos defensores que eles saibam sair jogando, acertando os passes e também apareçam no campo de ataque para surpreender o sistema defensivo do inimigo. Por isso, os zagueiros vão precisar ter habilidade para fazer uma tabela e saber finalizar ao gol de média e longa distância.

Vai ser obrigatório que um time tenha a posse de bola o máximo de tempo possível. Por isso, será fundamental que os jogadores de meio-campo saibam passar a bola com eficiência. Vai ser exigida precisão em lançamentos longos e visão de jogo apurada.

Não terá mais lugar para aquele volante "brucutu". Assim, de uma vez por todas, vamos acabar com o termo "especialista na marcação", que consagrou vários pernas-de-pau, mas sempre foi uma grande falácia, porque esse tipo de jogador que se esforça muito para tomar a bola, mas passa errado e precisa correr para corrigir o erro.

Sem volantes, o poder de marcação não vai diminuir, já que jogadores com mais técnica sabem se colocar melhor em campo e são muito mais difíceis de serem driblados. Com certeza, os craques vão se acostumar a marcar, pois não vai existir um volante para fazer a sua cobertura.

Os atacantes vão precisar usar ainda mais sua habilidade e a inteligência para escaparem de zagueiros mais qualificados. Saber finalizar vai ser obrigatório - nunca mais precisaremos ouvir "ele é um bom atacante só não sabe fazer gol". O melhor posicionamento vai ser pedido para fazer uma tabela com os companheiros e abrir espaço para que os armadores entrem na área do adversário.

Já disse neste espaço que o futebol vai melhorar nos próximos anos. E esse salto vai ocorrer porque logo só vão estar em campo jogadores que tenham boas qualidades técnicas. Por isso, os pernas-de-pau estão com os dias contados.

Até a próxima.

Mais pitacos em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Para a conquista do Santos na Copa Libertadores. Considerado o favorito antes do torneio, o time começou mal, correu risco de ser eliminado precocemente, mas cresceu muito com a chegada do técnico Muricy Ramalho, que conseguiu melhorar o sistema defensivo da equipe sem perder o poder ofensivo. Nas fases de "mata-mata", o Santos mostrou muita maturidade para conseguir bons resultados fora de casa, que foram fundamentais para a chegada ao tricampeonato continental. Agora é esperar que a diretoria do clube consiga manter seus principais jogadores para a disputa do Mundial de Clubes e o possível confronto contra o Barcelona na decisão.

ERA PARA SER DESTAQUE
Rogério Ceni deve ser sempre lembrado como um dos grandes goleiros da história de nosso futebol. Mas, ao mesmo tempo em que é amado pelos são-paulinos, ele é odiado pelos torcedores dos outros times - o que não acontece, por exemplo, com Marcos, símbolo palmeirense. Nos últimos dias foi difícil identificar o que deixou os torcedores mais felizes: a goleada do Corinthians ou a falha do capitão são-paulino no quinto gol corintiano.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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