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humberto luiz peron

 

12/07/2011 - 18h48

O prazer de torcer contra

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem gosta de futebol não passa sequer uma partida sem escolher para qual time torcer. O fanático só torce a favor de seu clube, mas quando é pego apoiando outro time é porque isso lhe interessa, pois há situações bem específicas para vibrar com a desgraça alheia.

Um rival está jogando - Existem apaixonados que comemoram tanto a derrota do adversário mais tradicional que parece que foi seu time que venceu o Mundial Interclubes. Aqui o desprezo pelo maior adversário é tão claro que a "torcida do contra" adora comprar a camisa do clube que foi o algoz do concorrente direto. Lógico que, se o "inimigo" vence qualquer jogo, "os do contra" sempre tem um discurso pronto dizendo que o concorrente direto só venceu com a providencial ajuda da arbitragem. Esta é uma prática das mais prazerosas, pois é muito bom ver um rival sofrendo uma humilhação.

Para evitar o chato na segunda-feira - Não existe coisa pior do que chegar ao trabalho na segunda é ser recebido por um companheiro comemorando a vitória do time dele e, por tabela, importunando com a derrota de seu clube. Por isso, existem aqueles que, se seu time perdeu no sábado - ou não tem a mínima chance de virar uma partida no domingo -, usa de toda sua gana de "torcedor do contra" para não ser alvo de piada da semana.

Raiva de algum profissional - Torcedor não perdoa nenhum erro de jogador ou treinador. Por isso, se algum "traidor" de seu clube está fazendo sucesso em outra equipe, a ordem é secar o profissional para ele não fazer sucesso em outra agremiação. Quanto mais erros o desafeto cometer, maior vai ser o prazer de ter torcido por sua queda.

Torcer pelo mais fraco ou contra o favorito - Se seu clube não está no gramado, uma das opções que mais acontecem é escolher o time que tem menos condições de vitória. Assim parece que existe uma motivação maior para ver o nanico ganhar do poderoso. Quem espera a derrota do time grande, quando isso acontece, gosta de usar o chavão: "eu já sabia! Esse time é uma enganação, é invenção da imprensa".

Esperar uma combinação improvável de resultados - Aqui não tem jeito, você torce por cinco resultados diferentes para que seu time consiga algo. E gasta toda energia nas outras partidas vibrando contra os concorrentes. Resultado: os outros placares até acontecem, mas sua equipe, enfraquecida pela falta de vibração, acaba perdendo a chance.

Torcer contra o próprio clube - Esse é o caso mais odioso. Como disse no começo, torcedor só tem um time e não quer que ele perca nunca, nem que o resultado possa favorecer um rival. Quem já torceu para que sua paixão perca tem uma marca vergonhosa, que nunca mais será apagada. O pior ocorre quando grupos são manipulados por cartolas para vaiar a própria equipe e assim obter alguma vantagem.

Felizes são os fanáticos, pois só eles conseguem torcer - contra ou a favor - e acham graça em qualquer partida.

Até a próxima.

Mais pitacos em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Para o Corinthians, que tem um excelente início no Campeonato Brasileiro, com aproveitamento espetacular. Agora, a equipe de Tite vai ter de aprender a jogar contra times que farão de tudo para tirar pontos do líder do torneio e calar a boca dos que torcem contra e dizem que o Corinthians é o "cavalo paraguaio" da atual edição do Nacional. Penso que o alvinegro vai brigar pelo título, até porque não sofreu com as convocações para as diversas seleções e não vai disputar a Copa Sul-Americana na fase decisiva do Brasileiro.

ERA PARA SER DESTAQUE
Argentina, Brasil e Uruguai começaram muito mal a Copa América, apesar de ter certeza que o título deve ficar com um dos três. O mau desempenho dessas seleções deve-se à péssima forma de seus principais jogadores - que jogam na Europa. Muitos deles ficaram dias sem nenhuma atividade física e técnica após o término da temporada no Velho Continente, o que afeta negativamente todo o sistema tático dos times.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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