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gilberto dimenstein
USP na vanguarda do atraso
Esse episódio da doação de dinheiro à Faculdade de Direito da USP mostra como setores acadêmicos vivem na vanguarda do atraso --e como, no final, quem sai perdendo é a educação.
Um banqueiro deu dinheiro para reformar um auditório da faculdade, pedindo em troca uma placa com seu nome. É exatamente assim que algumas das melhores universidades do mundo ganham doações e fazem extraordinárias pesquisas.
Existe aqui uma questão de ego? Existe. Mas quem sai ganhando no final com esse exercício de ego? Muitas cátedras nos EUA têm o nome do doador. Nem por isso (pelo contrário) o ensino é prejudicado. Lá, é onde mais se produz inovação no planeta.
Se o banqueiro quiser doar para Harvard, MIT ou Stanford esse mesmo valor, certamente terá uma contrapartida. Todos ficariam felizes.
No Brasil, é mais fácil pedir mais dinheiro ao contribuinte do que buscar formas de financiamento na sociedade. Perverso é que, nas universidades públicas, os mais ricos são maioria. E os mais pobres é que vão para faculdades privadas.
Dito isso, a família do banqueiro Pedro Conde, montado nos seus milhões, pode até ter razão legal para pegar o dinheiro de volta (como está pegando). Mas também poderia demonstrar um mínimo de generosidade e deixar a doação lá, mesmo sem placa.
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.
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