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gilberto dimenstein
Desumanidades em nome de Deus
É uma medida mais do que sensata. Aliás, sensata e óbvia. O governo estuda orientar a mulher decidida a fazer aborto, mostrando-lhe o risco de cada opção.
Certamente vão dizer que, com isso, há um estímulo oficial ao aborto -- e o tema é capaz até de parar na campanha eleitoral assim como o material produzido no Ministério da Educação contra homofobia.
Qualquer indivíduo que conheça um mínimo sobre juventude sabe que aborto é prática cotidiana. O problema, portanto, é jogado para debaixo do tapete. Usam-se, como quase todo mundo sabe, remédios que se encontram em qualquer farmácia, muitos com efeitos colaterais. Fala-se em mais de 200 mil internações anuais por causa do aborto inseguro, afetando na maioria das vezes adolescentes.
Ficar sem fazer nada, apenas olhando, não é apenas uma irresponsabilidade. Mas uma desumanidade em nome de Deus.
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Uma das involuções brasileiras: temas de saúde pública passaram a ser ainda mais enfocadas pela ótica teológica durante a campanha eleitoral. Há uma violência diária contra gays e lésbicas nas escolas. Produziu-se um material didático, preparado por especialistas. Veio a pancadaria, o material está mofando, dinheiro jogado fora.
E simplesmente não se fala mais no assunto.
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.
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