A melhor lição ao prefeito Haddad

Quando o tempo passar e desaparecer o clima eleitoral, veremos que a gestão Kassab teve uma série de méritos. Pode não ter sido boa, mas também não foi ruim ou péssima.
No final, ele foi um dos grandes responsáveis pela vitória do PT, devido a sua alta reprovação ter ajudado a alimentar a rejeição de José Serra e estimular a onda de renovação na cidade.

Está exatamente aqui a melhor lição ao futuro prefeito Haddad.

Kassab sai com força política, com uma bancada federal poderosa. Tornou-se um dos primeiros atores políticos do Brasil - e, nisso, saiu ganhando. Mas ele deixou a cidade escorrer nas suas mãos, depois de ter estabelecido uma ligação via Cidade Limpa, com efeito simbólico de cuidado com o espaço público. Não soube renovar essa canal de comunicação, destruído quando transmitiu a sensação de que, ao ficar de olho em projetos estaduais e federais, teria se desinteressado de São Paulo.

Já disse aqui e repito: são tantos os problemas paulistanos que, por mais e melhor que faça, é pouco. Vejam como São Paulo abate seus prefeitos: Erundina, Maluf, Serra, Pitta, Kassab, Marta Suplicy. É um cargo de alto risco.

Com a esperada vitória, Haddad tende a se transformar numa estrela do PT, abatido pelo mensalão. Seu nome vai começar a circular em várias listas de futuros cargos. Será ouvido nacionalmente. Não há dúvida de que ele passa a fazer parte dos possíveis nomes a governo e até presidente. Aí mora o perigo.

A melhor lição deixada para ele é que São Paulo, tomada por um sentimento de orfandade, tantas são suas fragilidades, não perdoa. Não está interessada em ideologia, mas em soluções.