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ivan finotti

 

24/02/2013 - 06h01

De volta para o passado

Conhece aquela do mineiro que dirigia uma Mercedes? Há cinco anos, o publicitário Walter Abreu levou seu carro a uma oficina em Pinheiros e ouviu um terrível diagnóstico do mecânico: vai demorar um mês para chegar a nova peça.

Momentos depois, chega o tal mineiro, em uma linda Mercedes 1968, branca, modelo 250, seis cilindros. À venda. O publicitário, que nunca havia chegado perto de um antigo, se encantou.

Andou ao redor, pediu para dar uma volta e fechou negócio. "A compra mais instantânea que já fiz na vida", conta.

O carango tinha badulaques inéditos para seus olhos. O pedal do acelerador, por exemplo, quando pisado rapidamente, automaticamente ligava o afogador. Com o carro já quente, um novo toque até o fundo trazia a rotação do motor de volta ao normal.

Outro: não havia freio de mão, mas, sim, um botão acionado com o pé que travava o carro quando estacionado. Para destravar, porém, o botão era no painel, acionado com a mão.

Eduardo Anizelli/Folhapress

"E o quebra-vento? Acho que minha filha de 28 anos nunca havia visto um na vida", empolga-se. "O botão da luz, o pedalzinho que esguicha água e faz um movimento só de vai e volta, a manivela para levantar o vidro manualmente etc.", continua.

"O somatório de todos os pequenos detalhes muda tudo. É como se eu entrasse em um museu. O cheiro do carro antigo te transporta para outra época."

"Todo o meu primeiro plano de visão é diferente quando estou na Mercedes, é tudo antigo, manual, uma relíquia. Você vê o mundo atual de um lugar que não é agora. As crianças dão tchauzinho, as pessoas têm um olhar sempre amigável. Eu me transformo em uma pessoa mais simpática, sabe?"

Esses dias, Abreu foi ao shopping Villa-Lobos e, na volta, encontrou um bilhete no para-brisa. Era do mineiro: "O carro está lindão! Muito bem tratado, está de parabéns! Se quiser vender de volta, liga para mim."

E você acha que o Abreu ligou?

ivan finotti

Ivan Finotti é editor da revista semanal 'sãopaulo' e jornalista cultural há 20 anos. Recebeu o prêmio Esso de criação gráfica como editor do 'Folhateen' em 2008. Passou por jornais como 'O Estado de S.Paulo', 'Diário de S.Paulo' e 'Notícias Populares' e revistas como 'SuperInteressante'. É co-autor da biografia 'Maldito', sobre Zé do Caixão.

 

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