Canino versus felino

Um dos embates mais frequentes no mundo dos amantes de animais é o que opõe os donos de cães aos de gatos.

É uma rivalidade muitas vezes surda, à la Guerra Fria. Simpatizantes de ambos os lados com frequência seguram comentários politicamente incorretos e preferem apontar um amor universal aos animais, porém com uma ressalva final: nunca teriam um cão ou nunca teriam um gato.

Os estereótipos, no entanto, às vezes afloram. Gatos são egoístas e traiçoeiros, sentenciam antifelinos, enquanto adversários apontam que cães carregam carência e falta de higiene.

Lembro que na infância enxergava a divisão como um maniqueísmo natural da vida e classificava os adultos de acordo com as suas preferências no "Fla-Flu animal". Mas tenho a nítida sensação hoje de que o abismo diminui e aumenta o sincretismo.

	Ilustração Tiago Elcerdo

Mas existem aqueles que insistem em diferenciar os donos de cães e de gatos, agora com requintes de estudos acadêmicos ou de pesquisa de opinião pública. Estudo da Universidade do Texas, publicado em 2010, sustentou que os amantes do mundo canino ("dog people") são mais "extrovertidos e cordatos", enquanto, do outro lado do muro, os donos de gatos tendem a ser "mais neuróticos e mais abertos".

Sam Gosling, professor de psicologia responsável pela investigação, entrevistou 4.565 voluntários com um questionário de 44 itens dedicados ao estudo de personalidades. Posso antever a reação e a contestação dos amantes de felinos.

Mais lenha na fogueira das rivalidades: donos de gatos tendem a ter uma formação educacional mais sólida do que os de cães, segundo estudo britânico publicado no site do "Daily Mail". Outro levantamento, feito nos EUA, chegou a dissecar preferências musicais e de TV. Cachorreiros ouvem reggae e assistem ao seriado "Everybody Loves Raymond". Já os amantes de felinos preferem "CSI" e música eletrônica.