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josé luiz portella

 

03/11/2011 - 07h00

O lado bom da cidade

Em julho deste ano, a cidade de São Paulo foi a mais procurada no site de busca de viagens Mundi, que costuma ter 10 milhões de acessos por mês. Segundo o Mundi, era a primeira vez que o Rio de Janeiro não ocupava a liderança desde 2009. Ao explicar o resultado inédito, o gerente Thiago Flores disse: "O inverno contribui para o aumento da procura por São Paulo, que não deve ficar na liderança por muito tempo".

Para o feriadão de 15 de novembro, deu outra vez na Folha, na coluna Mercado Aberto, que a cidade líder na busca continua sendo a capital paulista. São Paulo não caiu; aumentou a diferença. Em julho, foram 14% contra 10% do Rio; agora, 21% a 13%.

O Brasil escolheu São Paulo. As pessoas vêm em busca dos circuitos cultural, gastronômico e comercial. Querem ir a shows, teatros, cinemas, restaurantes, lojas e shoppings. Outro dia, jovens do mundo escolheram São Paulo a cidade do planeta onde mais queriam estar, pela energia cultural.

Nossos dramas cotidianos, que começam no trânsito e passam pelo transporte, calçadas arrebentadas, fios elétricos na vertical, falta de estacionamentos, associados a deficiências estruturais na saúde e na educação, fixam-nos no que há de ruim. Tem mesmo muita coisa ruim. Porém, há outro lado da cidade que os turistas veem e nós, quase sempre, não. Ou pelo menos deixamos de falar nele.

Os paulistanos, todos os brasileiros que aqui vivem, criaram inibição para falar bem da cidade. A conversa de táxi e de elevador é sobre os defeitos. Falamos só deles. Falar bem, pega mal.

Lula, quando recebeu medalha na Prefeitura, em 25 de janeiro de 2010, com a autoridade de migrante que venceu aqui, como tantos outros, sacou: "São Paulo pode até não olhar para as outras cidades, mas o Brasil todo olha para cá. Com admiração e orgulho".

Mais de 85% das inovações tecnológicas começam aqui. O Brasil entra na modernidade por intermédio de São Paulo. O Brasil é o quarto país do mundo com mais prédios sustentáveis. Dos 37 edifícios brasileiros verdes, 28 estão em nossa capital. Os sistemas mais modernos de comando e operação de metrô começaram e começam por aqui.

Quase tudo é assim. Mas vivemos sofridos por nossos defeitos. Contudo, não podemos esmorecer. Eles não são insanáveis. A solução está mais próxima do que se imagina. Eles existem na profusão e intensidade que têm por conta da forma arcaica e descompromissada como o Poder Público, em especial a Prefeitura, lida com eles.

Há negligência e falta de criatividade. Não existe continuidade nas políticas. Elas atendem a momentos eleitorais ou de pressão aguda da mídia e a sociedade aceita. Imagine se atacássemos os problemas com a energia cultural que temos!

A gestão da coisa pública não acompanha a cidade. Mas São Paulo tem força para mudar isso.

Curtir o lado bom da cidade é o combustível dessa mudança.

josé luiz portella

José Luiz Portella Pereira, 60, é engenheiro civil especializado em gerenciamento de projetos, orçamento público, transportes e tráfego. Foi secretário-executivo dos Ministérios do Esporte e dos Transportes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos e de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo e presidente da Fundação de Assistência ao Estudante. Formulou e implantou o Programa Alfabetização Solidária e implantou o 1º Programa Universidade Solidária. Escreve às quintas-feiras.

 

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