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josé luiz portella

 

05/04/2012 - 07h01

O otimismo brasileiro

Brasileiro é otimista. Somos assim.

E a maior parte dos políticos brasileiros não sabe lidar com isso. Recentemente publicou-se pesquisa da FGV sobre Felicidade Futura a partir de dados do Gallup World Poll, com duzentas mil pessoas.

Não é pouco.

Em 2011, comparou-se a expectativa de "satisfação futura" em 156 países do mundo. Queriam saber como a pessoa se veria em 2015, em termos de satisfação, de felicidade.

De 0 a 10, o brasileiro atingiu 8,6 de média. À frente da Dinamarca, país com quase todos os problemas resolvidos. Sua população, hoje, é a que sente mais feliz. Para 2015, os dinamarqueses são menos otimistas que os brasileiros.

China e Índia, potências emergentes, obtiveram, respectivamente, a 111ª e 119ª colocações. A China com média 6,2 e a Índia com 6,1.

Aproximam-se as eleições. E o que se vê são os candidatos mergulharem-se em discurso catastrófico. "Está tudo errado". Nas eleições anteriores também foi assim. É uma catarse catastrófica que vai demolindo tudo. Associando-se a isso, parte da mídia cria um quadro desastroso e quase sem saída.

"Não há como melhorar", é o que se conclui.

Há quem faça isso até com boa intenção. Ao se comover com as dificuldades e agruras que os mais vulneráveis e carentes sofrem. E, de fato, há bastante coisa que pode mudar e melhorar a vida das pessoas. Porém, antes de cair nesse vale de lágrimas, é preciso conhecer o que a população, de fato, pensa. Ela sabe dos problemas, mas enxerga alternativas.

Marcelo Néri, conhecido economista, comenta bem a questão: "Gestores políticos e pesquisadores têm uma visão própria sobre a população. É preciso ouvir as pessoas, saber o que elas próprias pensam".

No país da pesquisa e dos marqueteiros, não se consegue captar a verdadeira alma do brasileiro. Ele tem consciência de seus problemas, mas acredita em mudança. Detesta viver envolvido pelo que se chama de ciência da depressão (dismal science). Não quer mergulhar no mundo da desilusão e da falta de opção.

É o que predomina em nossa cidade. Diante dos problemas reais, desprezam-se os benefícios, as virtudes. Vira moda falar mal. "Pega mal" falar bem. "Pega bem" falar mal.

Provocado a responder dessa forma, porque a pergunta induz a reclamação, o paulistano reclama. Com razões de sobra. Contudo, não quer dizer que ele deixe de acalentar esperanças.

Gestores públicos gostam de cair nessa armadilha. Muitos, além de optarem pelo discurso da "ciência da depressão, da tristeza", o culto ao negativo, não oferecem propostas reais e bem-fundamentadas de mudança. Propostas com conteúdo, viabilidade econômica e projeto de operacionalização.

Reclamar não resolve. Mostrar defeitos, reconhecer acertos e ter propostas fundamentadas sim. As pessoas querem encontrar a saída. Há um campo fértil para o otimismo. Só não pode ser preenchido pelo blefe nem pela demagogia.

Além de cordial, emotivo, o brasileiro é otimista. Falta quem saiba dar concretude a essa utopia.

Quem são os candidatos?

josé luiz portella

José Luiz Portella Pereira, 60, é engenheiro civil especializado em gerenciamento de projetos, orçamento público, transportes e tráfego. Foi secretário-executivo dos Ministérios do Esporte e dos Transportes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos e de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo e presidente da Fundação de Assistência ao Estudante. Formulou e implantou o Programa Alfabetização Solidária e implantou o 1º Programa Universidade Solidária. Escreve às quintas-feiras.

 

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