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josé luiz portella

 

11/10/2012 - 03h00

31,26% e o entusiasmo de SP

O combustível da realização é o entusiasmo. Para mudar o que há de errado em SP só com entusiasmo. 31,26% dos eleitores paulistanos não votaram em ninguém. Não quiseram votar. Mergulharam-se na abstenção, nos brancos e nulos.

Mais do que investigado, esse desânimo precisa ser eliminado.

Para atacar problemas triviais como calçadas e buracos nas ruas, criando emprego na periferia; ou para construir um ousado hidroanel que resolva a questão do transporte e reciclagem do lixo, de uma vez por todas extinguindo as viagens que 500 caminhões fazem por dia ("lixotour") é preciso entusiasmo. Para regularizar quase um milhão de pessoas em áreas de mananciais e retirar cerca de 100 mil em áreas de risco, também.

Precisamos de confiança para superarmos tamanhos desafios.

A tragédia paulistana é acreditar que vivemos uma tragédia. Que não há nada por fazer. E que só resta aceitar o cruel destino da perda de qualidade de vida.

Na tragédia grega, os acontecimentos se encadeiam de forma fatalista até o desfecho devastador, sem que se possa fazer qualquer coisa para evitá-lo. O destino está traçado. E se impõe.

Mais de 30% dos eleitores de SP já estão nesse caminho. Provavelmente mais. Há os que votaram a contragosto; só para não terem problemas futuros com a Justiça Eleitoral.

Sem o engajamento da população, nenhuma política pública de porte prospera. Crença e entusiasmo são valores intangíveis obrigatórios.

Joel Silva-26.set.12/Folhapress

Estamos deixando a água escorrer por entre os dedos. Enquanto isso, com um plano estratégico bem elaborado e "pra cima", o Rio de Janeiro vai fazendo correta e entusiasmadamente sua lição de casa.

O planejamento estratégico do Rio está bem conceituado, tem metas desafiadoras, e que, uma vez atingidas, mudarão o patamar de qualidade da cidade. Mais do que isso: o plano entrou em sintonia com o espírito do carioca e a vocação da cidade. Casamento perfeito.

Tem metas como:
-despoluição do complexo lagunar de Jacarepaguá, Rodrigo de Freitas e da Baía da Guanabara;
-ser a cidade urbana com maior cobertura vegetal do planeta;
-ser a capital do sudeste com menor emissão de CO2 e maior cobertura do programa Saúde da Família;
-tratar 80% do esgoto;
-principal polo da indústria criativa (mídia, audiovisual, moda e design). Eles descobriram o caminho para o emprego na periferia.

E a prefeitura tem compromisso com as metas estabelecidas. Elas não são meros indicadores. Pode-se não atingir tudo em plenitude (isso faz parte do desafio), mas vão botar o coração nisso. O Rio tomou conta do próprio destino.

2014 e 2016 serviram de cenário e injeção de adrenalina. De entusiasmo na veia.

São Paulo tem que encontrar o seu caminho. Com a mesma ambição. Só um plano-diretor estratégico ousado faz isso. Só um programa de metas sincero e atrelado ao espírito da cidade consegue isso.

Só o compromisso incondicional com essas metas. Com o entusiasmo de estarmos mudando o mundo, cuidando de nossa cidade.
Sem sorte, dizia Nélson Rodrigues, não se come nem um picolé, pois ele cai no pé. Sem entusiasmo, não se tapa o buraco da rua ou da calçada, que, segundo a pesquisa DNA da Folha, é a maior reivindicação do paulistano.

Simples assim.

31,26% dos eleitores da cidade não se abstiveram de nos dizer isso.

josé luiz portella

José Luiz Portella Pereira, 60, é engenheiro civil especializado em gerenciamento de projetos, orçamento público, transportes e tráfego. Foi secretário-executivo dos Ministérios do Esporte e dos Transportes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos e de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo e presidente da Fundação de Assistência ao Estudante. Formulou e implantou o Programa Alfabetização Solidária e implantou o 1º Programa Universidade Solidária. Escreve às quintas-feiras.

 

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