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josé luiz portella

 

01/11/2012 - 03h00

Leitos ociosos em São Paulo

Ao contrário do que se possa imaginar, há vários leitos hospitalares ociosos em São Paulo. Frequentemente nos deparamos com imagens na mídia mostrando com hospitais superlotados, macas pelos corredores, gente esperando uma vaga.

É verdade, naqueles hospitais destacados. Porém, se olharmos o universo todo, não é assim.

Um estudo feito pela Secretaria de Saúde do Estado, denominado "Rede hospitalar no Estado de São Paulo: mapear para regular", mostra o quadro completo.

Foi feito exatamente para possibilitar uma racionalidade maior do sistema. Ou seja, organizado, o sistema hospitalar proporcionará vagas com mais rapidez do que a construção de novos hospitais.

Segundo o trabalho, dos 105 hospitais-gerais e especializados do SUS-SP e de ensino na Grande São Paulo, existem 18 com 50 leitos ou menos; 31 entre 51 e 150 leitos; 56 com mais de 150 leitos e 16 hospitais de ensino.

Naqueles com 50 leitos ou menos, há só 48,23% de taxa de ocupação. Ou seja, 51,77% de ociosidade.

Tatiana Santiago - 18.jun.12/Folhapress

Temos 63,61% de ocupação nos hospitais entre 51 e 150 leitos; 69,75% naqueles com mais de 151 leitos e 73,31% de ocupação nos hospitais de ensino.

Ou seja, há muita vaga não utilizada.

Segundo o estudo, "as baixas taxas de ocupação encontradas indicam que os hospitais do SUS-SP, igualmente aos demais de outros estados do Brasil, podem ampliar a oferta de leitos à comunidade. Isto é, a quantidade de leitos existentes na estrutura é suficiente para atender as demandas, desde que ocorra uma revisão e afinação dos parâmetros para o atendimento da população e dimensionamento de leitos totais, por especialidades...".

Surpresa geral. Todo mundo, pelo que vê e ouve, crê que faltam vagas.

No estudo, entre as sugestões para aperfeiçoar o sistema, temos que:
- modificar os pequenos hospitais para atendimento a outras necessidades de saúde;
- integrar melhor os recursos de atenção básica com rede hospitalar nas regiões;
- aperfeiçoar o transporte de pacientes.

Essa sugestão de aperfeiçoamento do transporte significa que se comprarmos veículos para mobilizar pacientes e distribuí-los eficientemente pelo sistema, teremos resultados mais imediatos do que construir prédios novos. Mais eficaz.

Não quer dizer que novos hospitais não sejam necessários, mas a demanda por eles será bem menor do que se apregoa, se cuidarmos das vagas ociosas existentes. E bem mais barata.

O problema de São Paulo, muitas vezes, é que não se conhece o problema com a profundidade devida. E se cria uma solução-clichê baseada no que se vê (ou ouve dizer) e não no que de fato ocorre.

É mais fácil aparecer com uma obra nova do que manter com qualidade aquilo que já se tem.

A solução dos problemas da cidade é mais conceitual e estrutural do que quantitativa. Do que sair fazendo X isso, Y aquilo, inúmeras unidades daquilo outro.
É ter um plano que olhe o todo e junte as partes. Que saiba usar o orçamento sem desperdícios e, cada vez mais, uma solução metropolitana. Ter um sistema de governo da Região Metropolitana.

Fica mais fácil.

josé luiz portella

José Luiz Portella Pereira, 60, é engenheiro civil especializado em gerenciamento de projetos, orçamento público, transportes e tráfego. Foi secretário-executivo dos Ministérios do Esporte e dos Transportes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos e de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo e presidente da Fundação de Assistência ao Estudante. Formulou e implantou o Programa Alfabetização Solidária e implantou o 1º Programa Universidade Solidária. Escreve às quintas-feiras.

 

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