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josé luiz portella

 

06/12/2012 - 03h00

O novo trabalho do prefeito

Há uma nova tarefa para os prefeitos das metrópoles mundiais economicamente mais fortes: cuidar dos negócios da cidade. Os prefeitos dessas cidades perceberam que isso pode gerar mais empregos, renda e qualidade de vida para os respectivos cidadãos do que eles atuarem apenas nas tarefas tradicionais.

No Brasil, em especial, São Paulo e Rio de Janeiro, precisam debruçar-se sobre isso com mais atenção. Entre as 13 regiões metropolitanas do Brasil, São Paulo está em 12° lugar (penúltimo) em termos de desempenho econômico. E é o 217° colocado entre as 300 regiões metropolitanas do mundo.

O conceito de desempenho econômico medido é a soma do PIB per capita mais o número de empregos gerados. São Paulo tem uma população grande, mas tanto a sua produção de riqueza como os empregos não crescem a contento. Quer dizer, estamos nos tornando mais pobres per capita e perdendo as oportunidades de gerar mais empregos de qualidade.

Los Angeles está criando muitos empregos qualificados pela adoção veemente da chamada economia verde. As diretrizes da economia verde produzem empregos com maior remuneração.
Não podemos deixar a relação com outras economias do mundo ocorrer só por conta da União. Deixar nas mãos apenas do governo federal. A relação entre países é sempre mais complexa, burocrática, cheia de meandros e compensações que dificultam os negócios.

A relação cidade-cidade é mais rápida. É direta. Um prefeito pode acertar com os seus pares negócios específicos de forma prática. São Paulo produz coisas que Los Angeles deseja e vice-versa. Fecha-se uma parceria.

Mais do que a troca de experiências de administração, estamos falando da venda de produtos e serviços gerados pelas empresas sediadas em São Paulo, por exemplo. Principalmente aqueles das pequenas e médias empresas que não têm como chegar a Los Angeles e outras cidades do mundo.

Foi o que aconteceu entre 2007 e 2012, por exemplo, as 13 maiores economias metropolitanas do Brasil exportaram US$ 369 bilhões em mercadorias. 11% delas para os Estados Unidos.
O prefeito passa também a organizar a venda de produtos e inteligência de sua cidade. E a adquirir aquilo que a cidade necessita.

As cidades globais, (cidades de economia forte, não necessariamente as mais populosas), são responsáveis por 48% da produção mundial, tendo apenas 19% da população.

Quem está fazendo isso melhor são as metrópoles asiáticas. São mais agressivas e perceberam que devem ter autonomia para aprofundarem o comércio global cidade-cidade. Estão revertendo a rota de Marco Polo, que caminhou em direção à China em busca de negócios e descobertas comerciais.

Os prefeitos que se reúnem no "Global Cities Initiative", um evento para compartilhar informações sobre os ecossistemas metropolitanos, têm uma visão clara e assertiva sobre o assunto: é preciso aprofundar as relações de comércio entre essas cidades globais. Os prefeitos de Los Angeles, Califórnia e Columbus, Ohio, percebem que o Brasil está atrasado nisso.

Quando há essa interação, além dos negócios, cada prefeito conhece novas experiências de políticas públicas.

Os problemas das grandes cidades são muito parecidos.

O Rio de Janeiro, com a Copa 2014 e a Olimpíada de 2016, já despertou para isso. Mas está cuidando mais de ter um ambiente atraente. Não está indo atrás da relação comercial de suas empresas.

São Paulo está atrasado na criação de infraestrutura que facilite a vinda de negócios e, mais ainda, a venda de seus produtos a outras cidades.

O que os asiáticos em especial estão mostrando é que o prefeito deve ser o maior vendedor mundial de suas respectivas cidades.

Estamos muito longe disso. É bom acordarmos a tempo.

josé luiz portella

José Luiz Portella Pereira, 60, é engenheiro civil especializado em gerenciamento de projetos, orçamento público, transportes e tráfego. Foi secretário-executivo dos Ministérios do Esporte e dos Transportes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos e de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo e presidente da Fundação de Assistência ao Estudante. Formulou e implantou o Programa Alfabetização Solidária e implantou o 1º Programa Universidade Solidária. Escreve às quintas-feiras.

 

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