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josé luiz portella

 

07/02/2013 - 03h00

Carnaval em SP

São Paulo precisa de alegria. O Carnaval é alegre. São Paulo precisa de mais Carnaval. A cidade já teve grandes carnavais em clubes como Palmeiras e Juventus. A primeira vez que o poder público ajudou o Carnaval na cidade foi em 1936 (salvo outro registro não identificado).

É importante e fundamental o apoio do poder público, mas não podemos ficar sempre na dependência exclusiva dele. Não há recursos para tudo. Os empresários que ganham dinheiro nessa cidade poderiam investir mais na sustentação de blocos de rua.

Reprodução
Desfile de Carnaval na avenida Paulista, em São Paulo nos anos 30
Desfile de Carnaval na avenida Paulista, em São Paulo nos anos 30

São Paulo tem 46 blocos: 22 registrados na SPTuris e 24 independentes. Só o bairro de Laranjeiras no Rio tem 20. Pela extensão da cidade, ainda há muita gente que não tem onde curtir o Carnaval.

Carnaval não é só uma festa que faz parte importante da nossa cultura. É a materialização de um estado de espírito. De alegria. De curtição.

São Paulo tomou para si, por muitos anos, a crença de que isso não tem a cara da cidade. É uma festa carioca, baiana, pernambucana. Entre os 11 milhões de paulistanos há muitos que adoram Carnaval. Eu sou um deles. E, embora tenha melhorado bastante, ainda sinto que as pessoas que gostam não sabem bem o que fazer para entrar nessa folia.

O Bloco do Baixo Augusta, conforme vários relatos, foi muito bem. Houve diversão sem atropelos.

Avener Prado-3.fev.12/Folhapress
Foliões acompanham o bloco Baixo Augusta
Foliões acompanham o bloco Baixo Augusta

Em São Paulo, a maior parte do que fazemos é compartilhada com o medo. Pelo menos, a percepção de medo. Onde vou deixar o carro? Como ando do metrô até o bloco? Vai ter briga? Posso levar a família sem incômodos?

A percepção de medo é a pior coisa que existe na cidade. Com a oferta gastronômica, de lazer e de cultura, se tivéssemos tranquilidade para usufruir a cidade, seríamos bem mais felizes.
Evitar o medo: essa deveria ser a meta número um do prefeito da cidade.

O maior apoio público não é a grana. É criar, para as pessoas que gostam, condições de aproveitarem o Carnaval de forma tranquila.

São Paulo está tirando a carapuça cruel de "túmulo do samba". Uma frase que veio parte na gozação, parte no espírito de rivalidade que afeta outras cidades que concorriam com ela.

Anhembi/Reprodução
Desfile no sambódromo em 2012
Desfile no sambódromo em 2012

Cada uma deve ter o seu Carnaval, porque este é uma manifestação bem brasileira. E São Paulo é a maior síntese do Brasil.

Segundo estudiosos como Marcos Augusto Gonçalves, autor da Semana de 22, o Carnaval aqui começou mais claramente em 1923, com os sambas rurais vindos das fazendas que rodeavam as cidades. Misturou-se com as festas dos imigrantes, ganhando tempero próprio. Porém, por muito tempo ficamos sufocados pelo estereótipo de que aqui não é a terra de Carnaval. Foi muito mal.

Apesar dos avanços, nossa cidade ainda sente muito a falta de uma organização mais ampla e profunda de um projeto que estenda e facilite que os paulistanos caiam nessa folia.
Chega de ter orgulho da sisudez, de vestir só a roupa de trabalho, de assumir este lado pesado da cidade como se fosse uma marca compulsória que compense a força econômica da cidade.

Chega de pagar tributo à tristeza.

São Paulo precisa de alegria. São Paulo precisa de Carnaval.

josé luiz portella

José Luiz Portella Pereira, 60, é engenheiro civil especializado em gerenciamento de projetos, orçamento público, transportes e tráfego. Foi secretário-executivo dos Ministérios do Esporte e dos Transportes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos e de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo e presidente da Fundação de Assistência ao Estudante. Formulou e implantou o Programa Alfabetização Solidária e implantou o 1º Programa Universidade Solidária. Escreve às quintas-feiras.

 

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