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Kennedy Alencar

 

31/08/2007 - 00h02

A burrice do PT

O PT apenas persistirá no erro se evitar debater o mensalão no 3º Congresso do partido, que começa oficialmente nesta sexta-feira (31/08) em São Paulo. O mensalão quase acabou com a maior força política que surgiu no país no final do século 20. Fingir que o mensalão não aconteceu terá um único efeito: continuar a minar o futuro do partido no século 21.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores sobreviveram ao mensalão. Lula se reelegeu presidente após o maior escândalo de corrupção de sua administração. O PT teve bom desempenho nas eleições do ano passado. Elegeu cinco governadores e também bancadas expressivas para a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.

Houve um acordo entre as principais correntes do PT para não deixar que o mensalão se transforme numa das discussões mais importantes do 3º Congresso do partido. Esse acerto só pode ser resultado de um surto de cegueira política.

O PT e Lula podem não querer falar do mensalão, mas o mensalão continuará a atormentá-los porque foi um fato. E fatos teimam em ficar por aí, incomodando e enchendo a paciência de muita gente.

Nesta semana, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que a antiga cúpula do PT, aquela que comandou a eleição de Lula em 2002, deva se sentar no banco dos réus numa ação penal que envolve 40 acusados. Se este fato não for relevante para suscitar um debate no PT, o partido pode ficar lá brincando de discutir a reestatização da Vale do Rio Doce, de apresentar candidato próprio em 2010 ou de insistir na tese de que os petistas ainda são os reis da ética.

Não é esta a percepção da sociedade. Nem foi a do Supremo.

Transformar em guerra campal um debate sobre o mensalão será improdutivo. Mas uma discussão madura a respeito de suas causas, de como evitar que volte a acontecer e um mea culpa sincero não fariam mal ao 3º Congresso do PT.

A não ser que o PT se contente em continuar a ser a mera máquina eleitoral na qual se transformou. Nesse caso, é melhor mesmo dar uma de avestruz, dizer que os outros são mais corruptos e enterrar de vez aquele partido que foi fundado em 1980. Debater o mensalão não significa resgatar o udenismo petista de antes da chegada ao poder. Trata-se de entender as razões que levaram uma sigla que tinha a ética na política como uma bandeira central a cair na gandaia com Marcos Valério.

Lula não tem contribuído para esse debate. Errou ao comentar a decisão do Supremo a respeito da denúncia do mensalão. Por quê? Porque, afirmou o presidente, sua administração foi julgada nas urnas em 2006. O povo o reelegeu, lembrou.

Ora, Lula foi reeleito apesar do mensalão. Conquistou um segundo mandato porque a maioria dos eleitores julgou boa a sua primeira administração. Esses eleitores pesaram o que consideravam positivo (economia e política social) e negativo (corrupção política). Lula diz que obteve 61% dos votos. É fato. No segundo turno. Na primeira fase, levou um puxão de orelhas. Tomou um susto.

O resultado da eleição não foi uma absolvição política, mas, sim, uma opção racional do eleitor. A reeleição não apagou os erros do primeiro mandato. Portanto, tem razão o dito popular: "Errar é humano. Persistir no erro é burrice".

*

Parabéns

Na cerimônia em que foi apresentado o livro "Direito à Memória e à Verdade", documento do governo federal que acusa pela primeira vez a ditadura de torturas e mortes de opositores, Nelson Jobim fundou o Ministério da Defesa. Enquadrou os militares ao dizer que reações negativas e públicas ao livro terão resposta. Até Jobim, os ministros da Defesa não conseguiram se impor aos comandantes das Forças. Agora, os militares possuem um comandante civil de fato.

*

Petróleo é projeto

Apesar de Lula ter mencionado a hipótese de o ex-senador José Eduardo Dutra (SE) ser candidato a presidente do PT, ela não nunca foi provável. Dutra está a um passo de presidir a BR Distribuidora. E não está em seus planos concorrer a prefeito de Aracaju em 2008.

Kennedy Alencar

Kennedy Alencar escreve no site às sextas. Na rádio CBN, é titular da coluna "A Política Como Ela É", que vai ao ar no "Jornal da CBN" às 8h55 de segunda a sexta. Na RedeTV!, apresenta os programas "É Notícia" e "Tema Quente".

 

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