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Kennedy Alencar

 

29/08/2008 - 12h34

Ele e ela

"Ela está pegando o jeito", tem dito o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em conversas reservadas. Caciques petistas ouviram ainda que o presidente acha que "tem um lado bom essa coisa de xerifona". E a confissão-desejo mais recente de Lula: "Vou eleger minha sucessora".

Com frases assim, Lula vem deixando claro para governadores, senadores, deputados e dirigentes do PT de que está fechado com a virtual candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República. O recado de Lula é o seguinte: ele escolherá quem disputará a eleição presidencial de 2010 pelo PT.

O partido do presidente já entendeu isso. Com exceção de um ou outro dirigente, a cúpula petista e políticos que sonhavam com um projeto presidencial já embalam a candidatura Dilma.

Uma obviedade: a eleição acontecerá daqui a dois anos. É muito tempo em política. Mas Dilma tem correspondido às expectativas de Lula.

O presidente nunca teve o governo tão em sua mão. É um administrador mais experiente que conta com uma auxiliar extremamente fiel e, aos seus olhos, eficiente no gerenciamento da monstruosa máquina do governo.

Por pegar o jeito, leia-se: Dilma começa a se sentir espontânea nos contatos com o povo nas viagens com o presidente pelo país. Está bem ciente da necessidade de composições político-partidárias e de jogo de cintura --por mais que ainda tenha vontade, em muitas ocasiões, de esganar o pescoço de diretores da Petrobras e também de jovens presidentes de empreiteiras que lhe dirigem a palavra com arrogância.

O lado "xerifona" poderá ser amenizado e usado como trunfo numa campanha presidencial. Vide a doce Marta Suplicy que aparece nos programas produzidos pelo jornalista e marqueteiro João Santana na eleição para a Prefeitura de São Paulo.

Por último e mais importante, Lula acha que terá "bala na agulha" para eleger Dilma em 2010. O pré-sal e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) se juntarão, na visão presidencial, a oito anos de massificação de políticas sociais.

No plano lulista, o Brasil em 2010 será um país confiante no futuro devido ao "bilhete de loteria" da imensa descoberta de petróleo na camada pré-sal. Para Lula, terá peso eleitoral a satisfação da maior parte da população com uma economia em ritmo de crescimento. E os mais pobres estarão, acredita o petista, vivendo melhor do que oito anos antes.

*

"Ele"

Ao falar de Lula em conversas reservadas, a mais importante auxiliar do presidente costuma chamá-lo apenas de "Ele". "Ele quer assim", "Ele disse isso", "Ele mandou fazer aquilo".

Para um amigo do presidente, essa forma de tratamento é uma demonstração do afeto e do respeito reverencial dela por ele.

*

Considerações finais

Quem acompanha este espaço da "Pensata" já leu um punhado de restrições à chances de Dilma emplacar como candidata. O temperamento difícil, o tropeço do dossiê anti-FHC e a constatação de que eleição presidencial é um jogo mais complicado do que parece são variáveis que influenciam negativamente uma empreitada desse tamanho.

No entanto, sempre se reconheceu aqui que Dilma é a aposta preferida de Lula. Houve uma mudança de patamar. Não é mais aposta. A candidatura dela é mesmo o projeto dele. Em jornalismo, erra quem briga com a notícia. Na política, erra quem subestima o adversário.

Isso vale tanto para os tucanos que pretendem disputar o Palácio do Planalto quanto para o presidente que acha que vai ser moleza eleger a sucessora. Ah, vale também para quem acha que Ciro Gomes (PSB) está fora do jogo.

Kennedy Alencar

Kennedy Alencar escreve no site às sextas. Na rádio CBN, é titular da coluna "A Política Como Ela É", que vai ao ar no "Jornal da CBN" às 8h55 de segunda a sexta. Na RedeTV!, apresenta os programas "É Notícia" e "Tema Quente".

 

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