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Kennedy Alencar

 

14/10/2008 - 10h59

Lula, FHC, crises e 2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que a travessia da atual crise econômica mundial resultará em ganho político para ele e para a sua provável candidata ao Palácio do Planalto em 2010, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Segundo relatos de aliados e auxiliares, Lula diz que acredita ter adotado medidas pontuais suficientes, que o Brasil será menos afetado do que os demais países e que poderá dizer na campanha eleitoral de 2010 que enfrentou com sucesso um problema bem mais grave do que as todas as crises externas do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

A visão otimista de Lula pode se mostrar um equívoco político, porque empresas brasileiras sentem fortemente os efeitos da crise. No entanto, pessoas que conversaram com o presidente na última semana saíram com a impressão de que sua confiança é sincera. Resumindo: Lula pensa que "fará do limão uma limonada", segundo expressão de um ministro que se reúne freqüentemente com o presidente.

Quando usa tom otimista para falar dos efeitos da crise mundial do Brasil, dizendo que os efeitos serão pequenos, Lula não está apenas fazendo jogo de cena em função do cargo. Ele sabe que precisa transmitir otimismo, mas, de acordo com auxiliares próximos, o presidente não está perdendo o sono nem achando que enfrentará um final de governo complicado.

"A oposição vai quebrar a cara mais uma vez. Estão torcendo, quando deveriam dar apoio", disse o presidente em conversa reservada na quinta-feira passada (09/10), ao comentar com aliados políticos a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que ele, Lula, comportava-se como "poliana" (otimismo irrealista).

A avaliação de Lula é a seguinte: o crescimento vai cair em 2009, mas não de forma desastrosa, e se recuperará em 2010, justamente no ano da sucessão. Nas reuniões com a equipe econômica, Lula diz que deseja um crescimento de 4% no ano que vem. Auxiliares próximos acham difícil, mas crêem na possibilidade de uma taxa entre 3% e 3,5%, que, sobre um crescimento de mais de 5% em 2008, manteria a sensação de economia aquecida. Para 2010, a avaliação é que o Brasil voltaria a superar os 4%.

Se esse cenário se confirmar, Lula poderá dizer na campanha que administra crises econômicas melhor do que a oposição, vitaminando a chance de eleger Dilma como sucessora. Seria a tal limonada do limão.

Uma das críticas do PSDB e DEM que sempre incomodam Lula é a de que a sua sorte evitou que fosse um desastre administrativo. Com a crise que começou na maior economia do planeta (EUA), espalhou-se para a Europa, atingiu o Japão e chegou aos países emergentes, Lula enfrenta agora o seu grande teste como gestor econômico no meio da tempestade.

Por isso, ele tem se comportado com cautela, evitando fazer um pacote e optando por um conjunto de medidas pontuais na velocidade em que os problemas aparecem.

A solvência da União, com mais de US$ 200 bilhões de dólares em reservas cambiais e uma dívida pública pouco dolarizada, é uma vantagem que Lula tem em relação ao período em que FHC enfrentou uma série de crises em países emergentes ao longo de seus dois mandatos presidenciais.

A crise atual, na maior economia do planeta, é muito mais grave do que as do período FHC. Mas acontece no momento em que o Brasil, concordam a maioria dos analistas, está mais preparado para enfrentar problemas externos. Na visão do presidente, o mercado interno brasileiro é maior do que foi no passado e assumiu uma dinâmica própria que o transformou no principal motor da economia.

Kennedy Alencar

Kennedy Alencar escreve no site às sextas. Na rádio CBN, é titular da coluna "A Política Como Ela É", que vai ao ar no "Jornal da CBN" às 8h55 de segunda a sexta. Na RedeTV!, apresenta os programas "É Notícia" e "Tema Quente".

 

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