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Kennedy Alencar

 

25/03/2011 - 10h50

Lula, Dilma e Obama

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi sincero ao dizer que recusou o convite para o almoço com Barack Obama no Itamaraty a fim de não "atrapalhar" a presidente Dilma Rousseff. Outras versões, como a de não saber dividir holofotes, subestimam Lula, exatamente como acontecia quando ele estava no poder.

É um erro apostar numa ruptura entre Dilma e Lula. Os dois se falam com uma frequência maior do que se imagina. Ele avalia que precisa ter cuidado para não fazer intromissões indevidas. Ela tem usado a força de Lula como um escudo em situações em que não pode se expor, como na guerra com as centrais sindicais para aprovar o salário mínimo de R$ 545 e nas articulações no PT sobre reforma política e eleições municipais de 2012.

A inegável mudança sobre direitos humanos na política externa é um detalhe que não afetará o projeto prioritário dos dois: Lula e Dilma estarão juntos em 2014 para tentar continuar no poder.

*

Espinha de peixe

Houve, porém, um motivo adicional para a ausência de Lula no almoço do Itamaraty. Ele gosta de Obama, mas deixou o poder contrariado com um gesto do presidente americano. No ano passado, Obama combinou com Lula que seria feita uma tentativa de acordo com o Irã a respeito do programa nuclear daquele país.

A articulação do Brasil e da Turquia teve estímulo do americano. Isso ficou claro numa carta que Obama enviou a Lula duas semanas antes da visita do brasileiro a Teerã, o que aconteceu em meados de maio de 2010.

Na carta, Obama dizia que o Irã criaria "confiança" na comunidade internacional caso aceitasse enviar 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido para a Turquia. Em troca, receberia 120 quilos de combustível nuclear.

Mas Obama puxou o tapete de Lula, pressionado pela secretária de Estado, Hillary Clinton.

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Fora da agenda

Havia no Palácio do Planalto o desejo de adiar a substituição do presidente da Vale, Roger Agnelli. Dilma avaliava que poderia postergar uma briga que causaria desgaste logo no início do governo. Afinal, é uma intervenção política na maior empresa privada do país.

Mas o vazamento de uma reunião do ministro Guido Mantega (Fazenda) com o Bradesco dificultou a sobrevida de Agnelli.

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Pode ou não pode?

É respeitável o argumento de que o governo não deve interferir na gestão das empresas privadas, ainda mais na Vale, que tem de levar em conta os altos e baixos do mercado global.

No entanto, todas as grandes empresas do país procuram o governo quando isso lhes interessa. No caso de uma companhia que explora recursos não renováveis, é legítimo que o governo manifeste interesse nos seus rumos. O problema é a dosagem da interferência.

Kennedy Alencar

Kennedy Alencar escreve no site às sextas. Na rádio CBN, é titular da coluna "A Política Como Ela É", que vai ao ar no "Jornal da CBN" às 8h55 de segunda a sexta. Na RedeTV!, apresenta os programas "É Notícia" e "Tema Quente".

 

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