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luiz caversan

 

16/06/2012 - 12h38

Amor em pedaços

Cortar aqui ou ali?

Que dúvida...

Não, ela sabia exatamente onde cortar.

Eu ou você, não.

Você sabe como trinchar um fêmur?

Ou como separar a cabeça do tronco sem muita sujeira?

Quem aí sabe o que fazer exatamente com um corpo grande e pesado, inerte, para sumir com ele?

A loira sabia.

A ex-garota de programa sabia.

Mais que loira e mais que garota de programa, a mãe e esposa Elise Matsunaga sabia, ou achou que sabia, muito bem eliminar e se livrar de um corpo humano.

Quem não sabia, ou fingia que não sabia, já que dividia com ela o mesmo teto e a mesma família, era Marcos Matsunaga, o homem sem afeto, o homem sem amor, o homem que comprava e pagava bem por afeto e amor. Olha o que ele ganhou com isso...

Querer imputar a culpa a Elise, que matou e trinchou o marido, o homem com quem dormia, acordava, comia e, por que não?, se divertia nessa vida, por conta de seu passado como prostituta é uma ofensa a esta categoria de mulheres.

Em tese, pelo menos em tese, prostitutas compartilham com dedicação carinho e sexo. Não a morte, muito menos o esquartejamento.

Elise é uma psicopata, ponto.

Se fez o que fez poderia ter feito muito mais.

Quer dizer, pouco há de mais assustador, apavorante, inconcebível a fazer do que matar e esquartejar uma pessoa, uma pessoa que de quem você é íntimo, uma pessoa com quem você tem um filho, uma pessoa com quem você vive, conhece as cores e cheiros.

Elise é louca e não é louca de amor, não, balela esta história de que ela matou porque o marido a traía com outra (outra!) garota de programa.

Pobre homem que buscou seguidamente sentido para sua vida junto a quem vende "amor".

Encontrou a insanidade de nossos tempos, simbolizando, com os pedaços de seu próprio corpo, o desmembramento das relações, o apartamento dos afetos, o esfacelamento da razão
Nossa, que tempos tenebrosos, estes, não?

Ou a humanidade foi sempre assim e a gente só se choca mais hoje por causa da mídia?

luiz caversan

Luiz Caversan é jornalista e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos 'Cotidiano', 'Ilustrada' e 'Dinheiro', entre outras funções. Escreve aos sábados.

 

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