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luiz caversan

 

15/12/2012 - 15h23

Existe espírito de Natal

A gente fala mal por obrigação, mas fala bem por prazer.

Assim comecei um post esta semana no Facebook, no qual relatava um fato que deveria ser corriqueiro, mas não é. E a repercussão do dito post foi tanta que me faz retomar o tema aqui, imbuído que estamos de espírito natalino.

Depois de uma reunião de trabalho, resolvi passar no supermercado, levando comigo meu atual instrumento profissional mais usado, o Ipad. Poderia ter deixado no carro, mas achei mais seguro ele ficar comigo. Ledo e Ivo engano.

Para facilitar as compras, coloquei o Ipad, que tem uma capa cinza, num canto do carrinho do supermercado --adivinhe de que cor? Cinza, claro...

Terminada a compra, usufruiu de um luxo que só conheço nos supermercados da rede gaúcha Záffari, cujo nome cito aqui sem receio de propaganda gratuita, mas para elogiar mesmo. O tal luxo é o seguinte: se você precisa de ajuda ou simplesmente não quer se dar ao trabalho de descarregar todas as mercadorias compradas, pode pedir ao caixa que chame um rapaz para tirar as compras do seu carrinho e colocar na esteira; às vezes nem precisa pedir. E você fica só ali no bem bom, vendo a conta subir, uma vez que na ponta oposta do caixa já tem outro rapaz ensacando e guardando tudo noutro veículo.

Ali você não não precisa ficar implorando para que alguém o ajude a colocar as compras nas sacolinhas, ninguém faz cara feira se você pedir uma caixa de papelão para acondicionar os produtos e além de pode preservar suas costas --no meu caso, bem detonadas-- sem ter que se abaixar ou levantar peso.

Já curtia esse tipo de gentileza que faz a diferença num tipo de comércio cada vez mais impessoal e grosseiro, mas no caso do Ipad foi além.

Quando acabou de colocar as compras na esteira, o gentil rapaz rapidamente agradeceu a preferência e se mandou com o carrinho, sem dar-se conta --nem ele, nem eu-- da presença do Ipad.

Compras pagas nota fiscal na mão, aí vem o susto: cadê meu tablet? Pernas bambas, comunico o fato ao caixa, que chama o fiscal dos caixas, que chama o gerente júnior, que chama o gerente sênior, que localiza o garoto que ensacou as compras, que localiza o rapaz que levou o carrinho e em três minutos já tinha um batalhão atrás do objeto, valioso sim, mas que era de minha inteira responsabilidade, posto que nem fora comprado naquele estabelecimento. O que não diminuiu nem um pouco a prestatividade da equipe do Záffari Pompéia, ao contrário, ainda que todos ali fizessem muito mais do que a obrigação, ajudando-me a resolver um problema que era meu.

Para encurtar o que já se alonga: cinco minutos se passaram e lá vem um gerente do fundo do mercado abanando ao longe meu Ipad na mão, todo sorridente.

- Um cliente encontrou no carrinho e entregou a um segurança.

Caramba, o aparelho não fora encontrado abandonado no carrinho por um funcionário, como imaginei de imediato, mas sim achado por alguém que poderia tranquilamente tê-lo colocado em baixo do braço e se mandado.

Não o fez, foi ético, honesto, correto.

Pedi ao gerente para falar com o segurança, pois queria que ele me apontasse a boa alma que salvara meu dia. Comunicações por rádio foram feitas, procura daqui e dali, mas nada de localizar o samaritano...

Depois de agradecer imensamente ao pessoal do supermercado (que além de tudo, por ter a sede do Rio Grande do Sul, possui a melhor seleção de carnes de São Paulo) fui embora feliz da vida com o prejuízo evitado e disposto a sair desejando Feliz Natal para todo mundo que encontrasse pelo caminho...

luiz caversan

Luiz Caversan é jornalista e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos 'Cotidiano', 'Ilustrada' e 'Dinheiro', entre outras funções. Escreve aos sábados.

 

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