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luiz caversan

 

24/03/2007 - 00h00

Mulheres e a ambição

"O homem sábio não tem ambições. Portanto, não tem fracassos. Aquele que nunca falha é bem sucedido. E aquele que é bem sucedido é todo-poderoso."

Eis uma frase datada, ideológica ou teologicamente datada. Trata-se de uma axioma tipicamente fora do nosso entendimento, nosso quero dizer ocidental contemporâneo, supostamente pragmático, supostamente eficiente.

A frase é tudo de bom.

Revela, pelo sentido inverso, nossa incapacidade de sermos os todo-poderosos que desejamos. Para mostrar os todo-poderosos que de fato somos.

Imagine, pregar a não-ambição, o não-alcançar, o não-realizar como forma de "chegar lá"?

Mas esta é a questão: chegar aonde?

A frase é de Gore Vida, ou de Mestre Li, personagem do grande clássico "Criação", que deve ser reverenciado como "um livro do nosso tempo", de acordo com o Carlos Heitor Cony, ou um livro, assim como outros de Vidal, que deve estar na "prateleira nobre da biblioteca básica do homem moderno". Das mulheres também, claro.

Mulheres, aliás, a propósito das quais este artigo começou, sobretudo as mulheres maduras.

Este texto deveria se chamar Mulheres Maduras porque iria tratar justamente delas, de sua presença cada vez mais marcante na sociedade, sua beleza renovada, sua liderança, sua persistência e a capacidade para o exercício do poder, habilidade que estão desenvolvendo cada vez, quem sabe até na contramão de muitos homens, que estão fazendo isso bem cada vez menos.

Elas estão no comando, ou pelo menos no comando de uma parte bem maior das coisas do que na época do rei Xerxes e cia., estes mais bem retratados no livro de Vidal citado acima do que no filme "300" do bonitón Rodrigo Santoro. Mas cinema é sempre mais divertido e popular, claro, mesmo que seja para perpetuar meias verdades.

É possível ver-se tantas e tão eficientes mulheres, em cenas diversas, que há espanto. Elas são de todos os matizes, claro, mas as maduras estão mandando ver, no comando, líderes.

Num mundo em que sempre prevalece o modus operandi masculino, a mulher aprendeu a atuar nos vácuos possíveis, com sua natural sutileza e tino específico.

Mas o que já se pode observar, no entanto, é que, talvez mesmo pela pressão da sociedade em cima de quem está determinado a "dar certo", que elas têm incorrido em muitos dos erros masculinos, seja no radicalismo de certas ações, seja no autoritarismo seja...na ambição desmedida, exatamente do que trata o início dessa pensata.

Aí o círculo muda apenas de gênero, passando a mulher a sucumbir ao fracasso que ela mesma se impõe pela falta dessa sabedoria à oriental.

E o pior, no caso das mulheres, é que ainda haverá, como condimentos adicionais, a progesterona em excesso, a TPM, a menopausa, os filhos, os maridos...

luiz caversan

Luiz Caversan é jornalista e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos 'Cotidiano', 'Ilustrada' e 'Dinheiro', entre outras funções. Escreve aos sábados.

 

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