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luiz caversan

 

19/06/2010 - 13h30

Torpedo elegante

A designação "torpedo", para indicar uma mensagem curta enviada rapidamente de uma pessoa a outra, tão popularizada hoje em dia por conta da democrática proliferação dos telefones celulares, tem origem bem romântica.

Vem do tempo em que jovens e nem tanto abordavam-se mutuamente, na escola, em festas, reuniões e até ambiente de trabalho, por intermédio de bilhetinhos escritos em papel e mandados por meio de portadores "idôneos". A intenção em geral, era "ficar" com o outro, embora, na época, este verbo, hoje empregado para designar, digamos, extrema aproximação entre sexos opostos e/ou iguais, nem sequer fosse cogitado.

Os torpedinhos de papel retornam à lembrança por conta da festa junina da semana passada, na qual, entre outras, a brincadeira do "correio elegante" correu solta, para deleite de todos. Torpedos foram disparados a noite toda, em todas as direções, numa onda de romantismo coletivo que não via há muito tempo.

Incrível como esse tipo de revivência alegra os corações.

Incrível como precisamos tanto de referências, de sermos remetidos aos rudimentos da comunicação, para lembramos o quanto a proximidade da dinâmica interpessoal é tão necessária.

Mas, será que a tecnologia presta um desserviço a esta aproximação entre as pessoas?

Ou os novos formatos de comunicação (MSN, e-mail, twitts etc.) são instrumentos que podem (mas não necessariamente vão) agilizar ainda mais essa interpessoalidade?

Fico com a última hipótese, embora compreenda o que o romantismo e as boas lembranças possam gerar em termos de um certo saudosismo.

Outro dia, em um de seus sempre brilhantes comentários sobre a Copa do Mundo, o ex-craque e colunista da Folha Tostão disse o seguinte, a respeito da parafernália tecnológica que está sendo usada pelos jornalistas na cobertura do evento futebolístico global: "Como alguns historiadores acreditam que pode ter havido civilizações mais adiantadas que a atual, que desapareceram com o tempo, imagino que um dia vai implodir toda a tecnologia e que tudo voltará ao papel e à caneta."

Espero sinceramente que não.

luiz caversan

Luiz Caversan é jornalista e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos 'Cotidiano', 'Ilustrada' e 'Dinheiro', entre outras funções. Escreve aos sábados.

 

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