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luiz caversan

 

15/10/2011 - 06h41

Verão índio e o americano cordial

Nunca tinha vindo à Califórnia, primeira vez. Em plena quase recessão americana e rápidas férias com o real ainda valorizado, as ladeiras desta cidade de filmes (Quantos? Muitos desde a infância...) caem muito bem.

Apesar do outono que avança, estamos no que o povo aqui chama de "indian summer", verão índio, com um calorzinho bacana que varia dos 20 aos 28 graus, dias claros de céu azul e ventos reconfortantes. Por que verão índio ainda não descobri, nem sei porque a temperatura se mantém assim, quando em outras partes deste hemisfério o frio já vai para baixo dos 10 graus.

Mas andei descobrindo outras coisas interessantes, batendo pernas por ladeiras e esquinas movimentadas, onde o português é idioma que pode ser ouvido aqui e acolá.

Descobri, por exemplo, um tipo de americano que desconhecia (fora alguns amigos já "brasileiros") uma vez que praticamente inexiste em Nova York, única cidade que eu havia visitado neste imenso país.

Trata-se do americano cordial.

Em Nova York, onde estive várias vezes, a cordialidade é mercadoria absolutamente rara. Há, via de regra, apenas formalismos que respondem a interesses. Quantas vezes ocorreu de se fazer uma pergunta, um comentário ou apenas alguma observação e levar um coice de alguém que está ali apenas para servir-se da sua presença como turista, e olha lá...

Em São Francisco, talvez uma das cidades mais bem equipadas para recepcionar bem os turistas, a cordialidade surpreende.

Está no comportamento dos que devem ou deveriam tê-la para bem receber os que aqui deixam seus dólares, mas está também no bom humor de quem apenas quer dar algo a mais que o simples atendimento.

Imagine se em Nova York uma senhorinha bem americana que atende no caixa de um magazine chique vai ficar puxando conversa sobre sua nacionalidade e as características do seu país e querendo saber se você está sendo bem recebido na cidade dela? Ou se o motorista de um ônibus em manobra vai se dar ao trabalho de parar, abrir a porta e oferecer informações para uma turminha perdida? Ou qualquer transeunte parar para conversar, seguindo depois seu caminho rindo, em alto astral?

Provavelmente há, e deve haver, muita coisa ruim e errada por aqui, claro, e a quantidade de pedintes nas ruas centrais é reveladora disso.

Talvez seja a tal crise que deixa as pessoas mais humildes, mas me dizem que não é o caso, trata-se mesmo do caráter das pessoas desta parte do país, em que a mistura de raças e cores e credos se amalgama em um colorido próprio e afetivo.

Faz lembrar aquela canção que diz que alguém deixou seu coração em São Francisco.

Dá pra entender por que.

Bem, esta matéria prima nós temos em abundância no Brasil, e isto já é um adianto para quem vai encarar Copa, Olimpíadas e pretende fazer disso um fator verdadeiro de desenvolvimento.

luiz caversan

Luiz Caversan é jornalista e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos 'Cotidiano', 'Ilustrada' e 'Dinheiro', entre outras funções. Escreve aos sábados.

 

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