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luli radfahrer

 

12/07/2012 - 21h11

Menos é mais

Prestes a chegar à impressionante marca de um bilhão de usuários, a rede social que muitos confundem com a própria internet corre o risco de se tornar vítima de seu próprio gigantismo. Público demais, conectado demais, genérico demais e demasiado familiar, é lá que está praticamente todo mundo que se conhece, do chefe à avó, incluindo aqueles cujas caras não são estranhas, mas estão longe de serem íntimos, e uma grande multidão de totais desconhecidos. Como é deselegante recusar solicitações de contato, muitos veem o espaço que deveria ser pessoal invadido progressivamente até que se chega a um limite em que o privado se torna público. Agora que todos vieram para o Facebook, para onde ir?

A resposta varia conforme a necessidade. Executivos migram para LinkedIn, Focus e Xing, pequenas empresas criam mini-redes em Basecamp, Elgg e Groupsite, especialistas vão para Quora, StackOverflow e ResearchGate, freelancers ocupam Odesk, Freelancer.com e Elance, produtores de conteúdo usam DeviantArt, Cozimo e Vyoopoint, empresas conectam-se a consumidores via ZenDesk, UserVoice e Kampyle e grupos de trabalho usam as ferramentas do Google, Zoho e Windows Azure. Por mais que essas redes e tantas outras de fóruns e Wikis sejam excelentes para usos profissionais, não se pode usá-las para relacionamentos informais. A importância do Facebook vem, em boa parte, do fato de ser um ambiente social despojado e acolhedor, em que se pode registrar memórias à medida que acontecem.

Mas ninguém vive só de memórias. Certos comentários tem seu valor no efêmero e podem ser muito mal interpretados fora de seu contexto. Desabafos, resmungos e empolgações devem ser manifestas por impulso, para poucos e, de preferência, não registradas. O Facebook definitivamente não é o lugar para elas. Já o Twitter, curiosamente, é perfeito para a tarefa. Sua interface direta e simples, favorecendo atualizações imediatas e respostas rápidas transmite continuamente a sensação de estar presente no momento em que as coisas acontecem.

Mais amigável e compatível com celulares, o Twitter pode até parecer um Facebook simplificado, mas na verdade as redes são muito diferentes. As conexões do Twitter não demandam reciprocidade, seus controles de privacidade são mais simples e o volume de publicações desencoraja a leitura passiva de um registro histórico. Enquanto o Facebook é um álbum público para compartilhar conteúdo, o Twitter é um ambiente de conversas. Um foca no passado, mesmo que recentíssimo. O outro no presente contínuo.

À medida que o uso de comunidades online se torna prática cotidiana costuma surgir em seus usuários uma natural sofisticação na escolha das ferramentas a utilizar. Muitos adolescentes, por exemplo, diferenciam o conteúdo publicado em cada rede, e tratam seus murais no Facebook com o mesmo cuidado público que adultos tratam suas páginas no Linkedin. A consulta e publicação continuam frequentes, mas não é ali que as coisas acontecem.

A natureza dinâmica do Twitter, que publica segundo ordem cronológica sem preferências e permite a qualquer usuário a criação e acompanhamento de novos tópicos, cria uma grande reunião casual, oposta à comunidade restrita em que se ouve sempre o mesmo, dito pelos mesmos. Como toda reunião social, o ambiente promovido ali é rico, diverso e maleável. Como um dia o foi uma rede universitária criada por um certo Zuckerberg.

luli radfahrer

Luli Radfahrer é professor-doutor de Comunicação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP há 19 anos. Trabalha com internet desde 1994 e já foi diretor de algumas das maiores agências de publicidade do país. Hoje é consultor em inovação digital, com clientes no Brasil, EUA, Europa e Oriente Médio. Autor do livro 'Enciclopédia da Nuvem', em que analisa 550 ferramentas e serviços digitais para empresas. Mantém o blog www.luli.com.br, em que discute e analisa as principais tendências da tecnologia. Escreve a cada duas semanas.

 

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