Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 

marcia dessen

 

04/02/2013 - 03h00

Veja quando faz sentido mudar de emprego e reduzir o salário

DE SÃO PAULO

Não é simples a decisão de mudar de emprego para ganhar menos do que você ganha atualmente.

Entretanto, existem algumas situações que podem representar uma perda aparente, ou momentânea, e essa mudança deve ser analisada com carinho, visando construir um futuro promissor.

Vale a pena refletir sobre alguns aspectos que pesam na balança na hora de tomar uma decisão como essa.

PLANO DE CARREIRA

Sua empresa atual paga um bom salário, mas não há perspectiva de crescimento profissional, transferência para outra área ou nível gerencial que permita o seu desenvolvimento pessoal e o aumento da sua renda.

Aceitar proposta de trabalho em outra empresa com salário inicial menor pode fazer sentido se você tiver convicção de que o mercado de atuação da nova empresa está aquecido, com perspectiva de crescimento e possibilidade de carreira acelerada.

É uma decisão arriscada. Por outro lado, se a sua avaliação estiver correta, o crescimento profissional dependerá fundamentalmente de seu talento e desempenho.

VARIÁVEL

A remuneração do seu trabalho é composta por outras rendas além do salário propriamente dito.

Comissão de vendas, participação nos resultados da empresa e bônus por desempenho são exemplos de rendas adicionais que podem compor a sua renda total.

Analise a política das empresas em relação à remuneração variável e determine um montante anual -uma meta realista- que você confie ser capaz de alcançar.

Calcule a renda anual nas duas empresas que estão sendo analisadas e verifique qual é a incidência de impostos e encargos de acordo com a forma de pagamento dessa remuneração variável.

BENEFÍCIOS

O pacote de benefícios representa uma renda indireta importante e deve ser considerado para calcular sua remuneração total.

Vale-transporte, vale-refeição, seguro de vida, plano de saúde, plano de previdência complementar e política de reembolso de cursos para desenvolvimento profissional representam, por exemplo, uma importante contribuição financeira que ajuda a reforçar o seu orçamento.

Quando a empresa em que você trabalha não concede todos -ou parte- desses benefícios, você precisa arcar sozinho com os custos envolvidos. Some todos os valores para avaliar o seu salário indireto proveniente do pacote de benefícios.

Pontos de atenção: o custo do vale-transporte é totalmente absorvido pela empresa? Qual é o valor do vale-refeição? Qual é o valor da cobertura do seguro de vida?

Analise a qualidade da operadora de plano de saúde conveniada, o tipo do plano, a possibilidade de incluir dependentes e o custo para o funcionário. Assistência odontológica faz parte dos benefícios oferecidos?

No caso de plano de previdência complementar, se houver, apure que percentual do salário representa a contribuição da empresa e qual o tempo mínimo de permanência na empresa para conquistar o direito de sacar essa contribuição.

FAIXA SALARIAL

É possível que seu salário atual esteja acima da média de mercado.

Nessa hipótese, a empresa pode ter concedido no passado aumento aos colaboradores em função de bons resultados obtidos, ou ter adotado política agressiva para retenção de talentos.

Se assim foi feito, será provável a estabilização dos salários na empresa atual, até retornar ao nível de remuneração praticado no mercado.

Se essa análise estiver correta, você pode ponderar se a proposta de salário na nova empresa, em estudo, está adequada. O seu salário atual está supervalorizado e, no médio prazo, a equalização tende a ocorrer.

LOCALIZAÇÃO

Trabalho e moradia em regiões distintas da cidade geram dois inconvenientes importantes: aumento do tempo de deslocamento, o que prejudica o bem-estar e a qualidade de vida, e alto custo com despesas de transporte.

Aceitar uma proposta de emprego com remuneração menor em área próxima à de moradia trará redução nas despesas de transporte e mais tempo disponível para lazer ou, eventualmente, outra atividade remunerada.

Ponto de atenção: a situação ideal é não precisar de carro próprio para deslocamento ao trabalho.

Analise custo de combustível, estacionamento, pedágios, transporte oferecido pela empresa, política de reembolso de despesas etc.

FINANÇAS

Você está desempregado há dois meses e sua reserva financeira se esgotou.

A partir do próximo mês, a família terá de apertar o cinto, reduzir gastos supérfluos e até mesmo despesas essenciais de moradia e alimentação serão repensadas.

Recorrer a empréstimo bancário será inevitável e o pagamento de juros elevados só tende a agravar a situação.

Nesse cenário, aceitar uma proposta de emprego com salário menor pode ser a solução para resolver a sua situação financeira atual.

Mais tarde, quando a tempestade passar, será relativamente fácil explicar ao futuro empregador a razão de ter aceitado temporariamente um cargo inferior às suas qualificações. Foi apenas um recuo estratégico, necessário para recuperar as finanças.

Ponto de atenção: restabeleça a sua reserva financeira assim que a sua renda for normalizada. Como referência, procure manter montante suficiente para bancar de 3 a 6 meses do orçamento doméstico, para assegurar sua tranquilidade e seu bem-estar.

marcia dessen

Marcia Dessen, certified financial planner, é sócia do BMI (Brazilian Management Institute), professora convidada da Fundação Dom Cabral, cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros e autora do livro 'Cuide Bem do Seu Dinheiro' (Editora Pearson, 2013). Escreve às segundas.

 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página