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marcos augusto gonçalves

 

17/12/2012 - 03h00

Semáforos quebrados

No Rio é sinal, na Bahia é sinaleira, em São Paulo, farol ou semáforo. E estão sempre dando problemas quando a garoa engrossa na Pauliceia. Ou por queda de energia ou porque a água da chuva se infiltra nos equipamentos e provoca panes em série.

Basta dar um "google", que o noticiário diz tudo: "Após chuva, São Paulo tem 51 semáforos com problemas"; "Chuva deixa São Paulo em atenção e apaga semáforos"; "Chuva causa apagão em 69 semáforos"; "Após chuva de ontem, São Paulo ainda tem 40 semáforos com defeito"...

A cidade, segundo dados oficiais, tem 6.156 cruzamentos com sinais de trânsito. Eles se organizam em redes distintas, formadas por aparelhos desenvolvidos por diferentes fabricantes, que -acredite se quiser- não conversam entre si. São três empresas: a Siemens, na região central, que reúne a maior quantidade de faróis; a Telvent e a Peek, nas demais áreas.

Cada uma opera com sua respectiva "tecnologia proprietária" e protocolos que não se entendem com os demais. A manutenção e a troca de peças também obedecem essa divisão. A peça de um não serve para o outro. São como aparelhos eletrônicos de marcas ou épocas diferentes, que usam sistemas e cabos próprios, não universais.

Esse é o principal problema, que a prefeitura pretende resolver a longo prazo, quando São Paulo poderá, quem sabe, se parecer com uma cidade inteligente. Uma ambulância, por exemplo, poderá percorrer um trajeto pela metrópole com a maioria dos sinais verdes, numa operação coordenada on-line por uma central de controle.

Esse admirável mundo novo está sendo gestado através de um convênio entre a USP e a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). O objetivo é criar os chamados Padrões Abertos de ITS ("Intelligent Transportation Systems"). Trata-se de um "tradutor", que permitirá a comunicação entre as diferentes redes e o controle de todo o sistema.

Quando isso acontecer, a cidade vai economizar tempo e dinheiro. Com o "tradutor" funcionando, outras empresas também poderão participar de licitações e entrar no sistema, quebrando o atual oligopólio.

Até lá, algumas medidas vem sendo anunciadas para tornar a rede de semáforos menos estúpida. Providenciou-se, por exemplo, equipamentos com luz LED e a instalação de 200 semáforos "no break" em cruzamentos estratégicos. Quando a energia cai, o aparelho fica aceso por quatro horas.

Melhora, mas não muito. A complexidade da rede viária e do trânsito em São Paulo já é de enlouquecer quando todos os faróis funcionam. Quando muitos quebram, mesmo que os principais fiquem acesos, já estamos na antessala do caos.

A CET também substituiu sinais eletromecânicos por eletrônicos, o que adianta a vida dos pedestres. Muitas vezes surpreendidos pela mudança do verde para o vermelho no meio da travessia, ganham mais tempo com a novidade.

São tentativas de melhorar, mas os resultados estão longe de fazer a diferença. Neste ano, por exemplo, nos meses de janeiro a abril -a temporada de chuva-, foi registrada uma média de 49 aparelhos defeituosos por dia. No mesmo período do ano passado, a média diária era de 51 sinais quebrados. Não chega a entusiasmar.

marcos augusto gonçalves

Marcos Augusto Gonçalves escreve para a Folha de Nova York. É editorialista e colunista do jornal. É autor de 'Pós Tudo - 50 Anos de Cultura na Ilustrada' (Publifolha, 2008) e de '1922 - A semana que Não Terminou' (Cia das Letras, 2012).

 

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