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marion strecker

 

26/03/2013 - 16h28

Twoo dispara convites e inferniza a vida de quem os aceita

Começou assim. Um dia recebi a mensagem: "Oi, eu gostaria de me conectar a você no Twoo". Twoo o quê? Pensei na importância que aquela pessoa tinha para mim, tentei imaginar por que ela estaria me mandando esse convite e o que poderia ter lá para eu descobrir.

Então pensei que tinha outros meios de me conectar com aquela pessoa e não fiz nada. Fiquei com uma preguiça danada de servir de cobaia gratuita a uma outra rede social, aprender a usar mais um software, entender suas artimanhas, aquilo que é explícito e aquilo que só se descobre depois, batendo cabeça. Preguiça também de perder tempo com relacionamentos virtuais, com o sol batendo lá fora.

Mas o diabo foi que outro dia veio outra mensagem, igual, só que de outro amigo. E outra. E mais outra. Até que resolvi verificar por que raios todas essas pessoas que conheço há anos e tenho em alta conta estão entrando nesse serviço. O que é o Twoo, afinal?

Pronto, eu caí.

Reprodução

Em vez criar um novo perfil no Twoo, escolhi usar o do Facebook. "Não se preocupe, não publicamos no seu mural", o sistema avisou antes de chupar meu nome, e-mail, data de nascimento, localização, estado civil e minhas fotos, claro.

Prossegui, lembrando que precisaria no futuro entrar no Facebook para revogar a autorização para a empresa interagir com meus conteúdos.

É praticamente impossível ver como funciona o serviço sem aborrecer nenhum conhecido. O Twoo, que fala um português lusitano entre mais de 30 idiomas, interage com o Gmail, verificando quais de seus contatos já estão ali e mandando e-mails para os outros se conectarem também.

Quando superei o pequeno calvário inicial, descobri que a pessoa que me mandou o mais recente convite para esse serviço hoje de manhã já "não está mais ativa no Twoo". Mau sinal.

Ato contínuo, recebo e-mails de três desconhecidos com perguntas de prateleira, para puxar papo. Fiquei irritada. Perdi uns 20 minutos até apagar meu não-perfil no Twoo. Espero ter conseguido.

Concluí que o Twoo é uma espécie grudenta de agência de paqueras da era digital. Suponho que Twoo seja uma corruptela de "two" (dois). Usar um pouco o serviço é grátis. Usar bastante é pago.

Se em vez de ter sido atraída pela curiosidade tivesse buscado informações na imprensa especializada, teria lido a reportagem do site TechCrunch do ano passado com reclamações de usuários acusando o Twoo de mandar spam (mensagens não-solicitadas). Teria lido também que o co-fundador e principal executivo da Twoo, Lorenz Bogaert, alegou que isto era apenas um mal-entendido que a empresa iria resolver em breve.

Mais de seis meses se passaram e não só não resolveram como as ondas desse tsunami de e-mails chegam ao Brasil.

Uma nota no site da revista "Galileu" diz que o sistema manda automaticamente convites para todos os seus contatos no Facebook e no e-mail. Na minha experiência, notei que era possível desclicar as fotos dos contatos para que fossem poupados. Esperava ter sido bem sucedida, mas temo que não. Se você receber algum convite meu, desconsidere, ok?

Morte ao Twoo!

marion strecker

Marion Strecker é jornalista e cofundadora do UOL. Começou sua carreira como professora de música e coeditora da revista Arte em São Paulo. É formada em comunicação social pela PUC-SP. Trabalhou na Redação da Folha entre 1984 e 1996, onde foi redatora, crítica de arte, editora da 'Ilustrada', editora de suplementos, coordenadora de planejamento, coordenadora de reportagens especiais, repórter especial, diretora do Banco de Dados, diretora da Agência Folha e coautora do Manual da Redação. É colunista da Folha desde 2010. Pioneira na internet no Brasil, liderou a equipe que criou a FolhaWeb em julho de 1995 e foi diretora de conteúdo do UOL de 1996 a 2011. Viveu em San Francisco, Califórnia, de julho de 2011 a julho de 2012, atuando como correspondente do portal. Mudou-se para Nova York, onde começou a escrever um livro sobre internet, previsto para sair pela Editora Record. Atualmente vive em São Paulo.

 

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