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matias spektor

 

16/01/2012 - 07h00

Quatro desafios em 2012

Quais são os principais desafios de política externa no primeiro semestre deste ano que começa? Eis minha lista pessoal dos quatro mais relevantes.

Cúpula dos Brics

Na Primavera Árabe, os Brics ficaram mal na fita: quiseram impedir uma nova onda de intervenções estrangeiras, mas com sua escolha terminaram alentando Mubarak, Gadafi e Assad. Em sua reunião de março próximo, em Nova Déli, os Brics têm a oportunidade de dar a volta por cima. O desafio deles é desenvolver um marco comum para mostrar apoio aos povos da região e propor alguma coisa construtiva para reverter a escalada de conflito entre Estados Unidos, Israel e Irã. Sem isso, o Brasil perderá espaço no novo Oriente Médio e arriscará os ganhos de posição obtidos ao longo da última década.

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Fora do Conselho

Durante dois anos como membro rotativo do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil enfrentou situações espinhosas: Haiti, Guiné-Bissau, Irã, Líbia e Síria. No processo, ganhou alguns amigos e comprou algumas brigas. Pela primeira vez perturbou países tradicionalmente fortes e entrou para embates que antes preferia evitar. O desafio em 2012 é não deixar a peteca cair e escolher áreas-chave para continuar o trabalho ativo mesmo estando fora do Conselho. É difícil e custoso de fazer. Se a diplomacia quiser continuar contribuindo para o processo de ascensão do país, não há alternativa.

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Dilma na Casa Branca

Na esteira da intervenção na Líbia, o clima entre Brasil e Estados Unidos ficou turvo. É irrealista esperar uma grande mudança agora, tendo em vista o ano eleitoral por lá. Entretanto, em Washington ainda há um grande reservatório de boa-vontade em relação a Dilma. Em 2012, o desafio é desarmar o ambiente de fricção (representado por Susan Rice, embaixadora de Obama na ONU) e restaurar a atmosfera de diálogo interessado, que Hillary Clinton tentou emplacar no início ano passado sem sucesso. Soa modesto, mas na realidade faria uma baita diferença.

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Efeitos do Livro Branco de Defesa

O governo finaliza agora um Livro Branco de Defesa Nacional. Seu principal impacto será internacional: países próximos e distantes vão interpretar o texto como uma carta de intenções do Brasil ascendente. Alguns buscarão tirar proveito disso, enquanto outros ficarão ainda mais apreensivos do que já estão. Por isso, em 2012 o desafio da diplomacia é ficar alerta para as conseqüências não planejadas nem desejadas que o livro terá e trabalhar numa política de comunicação internacional eficaz.

Nas próximas semanas tratarei de cada um desses desafios em detalhe, sempre às segundas-feiras.

matias spektor

Matias Spektor ensina relações internacionais na FGV. É autor de 'Kissinger e o Brasil'. Trabalhou para as Nações Unidas antes de completar seu doutorado na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Foi pesquisador visitante no Council on Foreign Relations, em Washington, e em King's College, Londres. Escreve às quartas, a cada duas semanas.

 

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