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mirian goldenberg

 

18/09/2012 - 03h30

Falta homem?

Pesquisando mulheres de mais de 40 anos, brasileiras e alemãs, observei diferenças interessantes. Enquanto as alemãs se mostram focadas na realização profissional e em atividades intelectuais, as brasileiras enfatizam a importância de ter marido e filhos e reclamam muito da "falta de homem no mercado".

É curioso observar que, mesmo entre mulheres muito bem-sucedidas, as brasileiras que se dizem mais satisfeitas são as casadas.

O que elas mais valorizam é ter um marido fiel. Dizem que os maridos ligam inúmeras vezes por dia para perguntar coisas bobas, que ficam deprimidos quando elas viajam e que eles são completamente dependentes delas. Afirmam coisas como: "Ele precisa muito de mim"; "Ele não sabe ficar sozinho"; "Ele gosta que eu cuide dele"; "Ele cobra o tempo todo a minha atenção" e "Ele sente muito ciúme de mim".

Em um dos grupos de discussão que realizei, uma mulher jovem, magra e bonita confessou sentir inveja de outra pesquisada. "Tive e continuo tendo muitos namorados e amantes, mas não consigo ter um companheiro. Senti inveja quando você falou do seu marido porque eu nunca consegui ter um relacionamento longo e fiel."

A outra respondeu: "Meu marido diz que me ama e me deseja mesmo gordinha e com cabelos brancos. Tenho certeza de que ele sempre foi fiel. Nossa vida sexual é muito gostosa e ele diz que não sabe viver sem mim. Com ele, mesmo depois de 30 anos de casamento, ainda me sinto a mulher mais gostosa do planeta".

Ter um marido é um verdadeiro capital para muitas brasileiras. Em um mercado afetivo e sexual em que os homens disponíveis, interessantes e fiéis são considerados "artigos de luxo", muitas brasileiras acreditam ser triplamente vitoriosas: por terem um casamento duradouro, por se sentirem reconhecidas pelo marido e, principalmente, por acreditarem que são únicas para eles.

Muitas brasileiras que pesquisei disseram se sentir fracassadas ou infelizes por não conseguirem ter (ou manter) o capital marital. No entanto, as alemãs (e também algumas brasileiras) preferem investir em outras formas de realização pessoal (trabalho, educação, amizade etc.).

Qual será o melhor investimento para uma vida feliz?

mirian goldenberg

Mirian Goldenberg é antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autora de 'Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade' (Ed. Record). Escreve às terças, a cada 15 dias.

 

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