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moisés naím

 

16/11/2012 - 06h00

O que a vitória de Obama ensinou?

A reeleição de Barack Obama surpreendeu a muitos. Segundo as pesquisas, seria uma disputa muito apertada.

E é essa a surpresa principal. Como é possível que Obama, que há apenas quatro anos conquistou apoio entusiasmado em todas as regiões, classes sociais, raças, religiões, gerações e setores econômicos, estivesse mendigando votos e lutando casa por casa para ser reeleito?

Obviamente a má situação econômica o deixou vulnerável. Mas a reticência do presidente em explicar as limitações que o impediram de fazer mais e em recordar aos eleitores o desastre que herdou de Bush também foram surpreendentes.

Mas Obama ganhou. E sua vitória também encerra surpresas interessantes. Talvez a mais relevante seja a irrelevância do dinheiro. Uma decisão ardilosa da Suprema Corte abriu as portas para que grandes interesses econômicos pudessem financiar ilimitadamente as iniciativas eleitorais. Por essa razão, esta foi a eleição mais cara da história. Ao final, os únicos beneficiários foram os meios de comunicação e as empresas especializadas em vender serviços às campanhas eleitorais. O dinheiro não mudou os resultados.

Mas a tecnologia, sim. "Big Data" foi a arma mais poderosa, e nesse campo Obama e sua organização tiveram superioridade inequívoca.

Sua capacidade de colher dados sobre os eleitores e transformá-los em ações concretas que levaram as pessoas a votar foi extraordinária.

Transcrevo o texto de um e-mail que recebi: "É muito fácil, e se você quiser pode fazer em espanhol, a partir do seu celular. Só precisa ir a www.barackobama.com e abrir uma conta de voluntário. Vão lhe dar uma lista de nomes e telefones, assim como informações muito concretas sobre cada pessoa a quem você vai telefonar. Você pode escolher qualquer cidade ou Estado e ter um impacto direto. Acabo de convencer uma senhora na Virgínia a levar seus pais para votar, e meu amigo (sentado aqui no café comigo) acaba de falar com um eleitor indeciso na Pensilvânia e persuadi-lo a votar em Obama."

Outra voluntária que foi de casa em casa no Ohio me explicou que não escolhia ao acaso as portas nas quais bater. Sabia exatamente onde ir, o nome da pessoa que procurava e a mensagem que deveria transmitir em cada caso.

A missão era fazer com que sentissem a importância de irem votar, e tudo era baseado em argumentos que se sabia serem relevantes para aquele eleitor específico. De agora em diante, será difícil ganhar uma eleição sem usar essas técnicas.

Mas os fatores decisivos não foram o dinheiro nem a tecnologia. Foram a personalidade e as políticas dos candidatos. O Partido Republicano precisa tornar-se mais atraente a amplos grupos sociais.

Para isso será preciso limitar a influência dos extremistas e da elite que controla o partido e vive muito bem sendo oposição. Para a Fox News, por exemplo, o status quo do partido é muito vantajoso, já que ser da oposição lhes abre oportunidades lucrativas. E essa deveria ser uma surpresa para os republicanos com vocação para governar.

twitter @moisesnaim

Tradução de CLARA ALLAIN

Moisés Naím

O escritor venezuelano Moisés Naím, do Carnegie Endowment for International Peace, foi editor-chefe da revista "Foreign Policy". Escreve às sextas na versão impressa de "Mundo".

 

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