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mônica bergamo

 

30/09/2012 - 03h00

Helô Pinheiro lança biografia nos 50 anos de 'Garota de Ipanema'

"Você tá bem para quem acabou de fazer 50 anos", diz a fã ao vê-la passar no doce balanço da passarela, em um bufê no Recife, há dez dias, quando mostrava a coleção Helô Pinheiro by Amarras.

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Parceira da grife para "jovem senhora", Helô ri do engano contido no elogio. "Fiz 67 anos", corrige. "Garota de Ipanema", a canção, é que veio ao mundo há cinco décadas, em agosto de 1962.

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A vida da carioca do subúrbio que se mudou para Ipanema aos seis anos confunde-se com a criação de Tom Jobim e de Vinicius de Moraes. Tanto que a musa escolheu a efeméride para lançar, anteontem, a biografia "A Eterna Garota de Ipanema" (Aleph, 128 págs., R$ 36).

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Conta o que é ser a tradução viva do maior sucesso da Bossa Nova. "Como Vinicius e Tom não estão mais aqui, sou o ímã da história. Adoro o assédio. Sou homenageada aonde quer que vá", relata à repórter Eliane Trindade. A canção é a segunda mais gravada do mundo, atrás de "Yesterday", dos Beatles.

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Helô relata situações bizarras mundo afora. De concurso de miss no interior a tietagem em shopping de Miami. "As pessoas me agarram, se ajoelham. Já chegaram a rasgar minha blusa. Um pianista americano, ao me ver, molhou a calça. De emoção."

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A visão de Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, no esplendor dos 17 anos, provocava ebulições no bar Veloso, reduto boêmio carioca nos anos 1960. "Eu era filha de militar, virgem. Eles queriam fazer de mim uma Leila Diniz. Mas era recatada, boba." O pai foi censor do "Pasquim". E Vinicius levou três anos para revelar quem era a "coisa mais linda e cheia de graça". Depois, a musa e o poetinha viraram amigos.

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A moça do corpo dourado disse não a Jobim. "Se não estivesse apaixonada, teria pegado o Tom", brinca. Está casada há 46 anos com o engenheiro Fernando Pinheiro. "Queria dar porrada quando soube que os dois estavam 'abiscoitando' minha namorada. Tratei de me casar logo", diverte-se ele hoje.

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Tom foi padrinho do casamento na Candelária, em 1966. Vinicius estava no Festival de Cannes. Encontrou o casal na Europa, onde ela curtiu a fama além-fronteiras. Helô declinou convite para chá com a rainha da Inglaterra, mas aceitou outros. "Era hotel e jantares de graça. O dinheiro rendeu. Um mês de viagem viraram três."

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Reportagens de revistas e de jornais cobrem uma das paredes do apartamento em um condomínio, em SP, onde estão desde 1975. As fotos mostram Helô morena. Há décadas, pintou o cabelo de loura. As medidas são quase as mesmas: 1,7 m, 58 kg. "Encolhi 2 cm e engordei 2 kg. É a velhice. Não tive coragem de fazer plástica no rosto. Mas tô precisando dar uma puxadinha no pescoço."

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Usa botox e colocou silicone. "Um cirurgião se ofereceu para me operar." Helô hoje apresenta os programas "De Cara com a Maturidade", na Band, e "Ser Mulher", da Fox.

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O retoque veio depois de posar nua em 1987. A empresa do sogro faliu, e o marido estava desempregado. "Passei muita dificuldade. A fama nunca correspondeu na parte financeira. A 'Playboy' veio com um caminhão de dinheiro." O cachê foi o equivalente hoje a R$ 400 mil.

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"Tava quarentona, rodada, quatro filhos. Fiquei relutante pelas crianças. Será que vão achar que a mãe é prostituta?" Em 2003, fez outro nu, aos 58 anos, ao lado da filha Ticiane, hoje mulher do publicitário Roberto Justus, que assina o prefácio do livro da sogra. "O ensaio ficou lindíssimo, com um cavalo branco", diz Helô, que admite: "Usaram mais fotos da Tici. Nas minhas iam ter que fazer muito mais Photoshop".

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Com igual sinceridade, ela revela paixões, às quais o casamento sobreviveu. "Toda relação tem entressafras." No livro, lamenta ter perdido a chance de viver um romance com Roberto Carlos.

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Um momento "por que tudo é tão triste?" foi a briga judicial com os herdeiros dos compositores, quando registrou a marca Garota de Ipanema e abriu uma loja. "Disseram que não queriam o nome deles no meio de roupas cafonas." Deu no "New York Times". Fizeram acordo.

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A canção, que teve de Frank Sinatra a Amy Winehouse como intérprete, segue onipresente na vida de Helô: é o toque do celular da Senhora de Ipanema.

mônica bergamo

Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

 

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