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nelson de sá

Toda Mídia  

16/04/2013 - 14h55

Informar, qualificar, influenciar

DE SÃO PAULO

Duas semanas atrás, a revista "Época", da Editora Globo, publicou uma "denúncia a partir de informações do PMDB" ou "a partir de documentos obtidos com o PMDB", no dizer do jornal "O Globo".

Em sua própria edição, a revista admitiu tratar-se de "dossiê", porém "desta vez os documentos divulgados não são vazios, como costuma acontecer com a maioria dos dossiês que circulam nas campanhas".

No enunciado da "Época", a notícia seria um "pagamento de propina a Lindberg Farias", senador do PT que deve concorrer com o candidato do PMDB a governador do Rio em 2014, Luiz Fernando Pezão.

Dias depois, a concorrente "Veja", da Abril, informou que Lindberg, antes do "início da guerra explícita", já "tinha receio da capacidade da FSB de levantar informações negativas a seu respeito" e tentou contratar a assessoria.

"A notória FSB", no dizer da "Veja", "detém a conta de comunicação de R$ 18 milhões por ano do governo Sérgio Cabral", do PMDB do Rio, e "fará a campanha de Pezão ao governo do Rio".

*

O poder das assessorias de comunicação, como a FSB, não é novidade e não se limita à cobertura de política, pelo contrário. Uma década atrás, Nizan Guanaes já chamava a atenção para o fenômeno.

Em uma edição do evento MaxiMídia, ele alertou que as agências de publicidade já não faturavam como antes e que o dinheiro agora estava mais nas agências ou assessorias de comunicação.

Nos últimos anos, aproximou-se da mesma FSB, que primeiro contratou para cuidar de sua comunicação corporativa. Depois fez diversas ofertas de compra, em disputa com o grupo britânico WPP.

Na semana passada, segundo "O Globo", "Nizan Guanaes, que vendeu 20% do grupo ABC para um fundo do Itaú, está de olho no mercado" e "planeja comprar uma empresa da área de assessoria de imprensa".

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No caso da FSB, como outras grandes do setor, serviços e clientes avançam pelas empresas. Por dez anos, foi a assessoria da construtora Delta, de Fernando Cavendish. Também assessora a Sabesp.

Para esta última, segundo o site da agência de comunicação, o serviço foi "posicionar a Sabesp como principal fonte de informação do setor no Estado de São Paulo".

Buscou, por exemplo, o "estreitamento da relação com a mídia geral e segmentada" em São Paulo. Com essas ações e outras, obteve "número de matérias positivas quatro vezes maior que o de negativas".

Em suma, o lema é "informar, qualificar, influenciar". E não apenas os meios de comunicação tradicionais, também a mídia digital, "monitorando a presença na web e administrando a imagem".

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Na nova edição de "Notícias do Planalto", no início do ano passado, Mario Sergio Conti escreve sobre esse "novo ciclo na disputa por notícias", em que algumas assessorias têm "mais jornalistas que as redações da grande imprensa".

Muitos deles eram repórteres que cobriam escândalos e agora, muito pelo contrário, "visam controlar fatos jornalísticos já no nascedouro, ou então reagem a eles para moldá-los".

PS - Mas o jornalismo resiste. Dos quatro prêmios Pulitzer do "New York Times", ontem, os dois principais foram para a revelação de malfeitos das gigantes Apple e Wal-Mart.

Por outro lado, nada para o "Wall Street Journal", que antes de ser comprado por Rupert Murdoch liderava na revelação de malfeitos corporativos --deu até manchete para o escândalo da Alstom no metrô de São Paulo.

nelson de sá

Nelson de Sá escreve sobre mídia e cultura. Publicou 'Divers/idade', com seus textos de teatro, e a coletânea 'Diário da Corte', com textos de Paulo Francis. Escreve também o blog Cacilda.

 

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