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patrícia campos mello

 

25/11/2011 - 08h24

Embraer ganha primeiro round contra protecionismo

Na luta contra o protecionismo nos Estados Unidos, a Embraer ganhou o primeiro round.

A empresa brasileira participa de uma concorrência da Força Aérea americana para fornecer 20 aviões (que podem chegar a 55) para serem usados no Afeganistão e nos EUA. O Super Tucano da Embraer concorre com o AT-6 da americana Hawker Beechcraft, que se associou à Lockheed Martin para a concorrência.

A Força Aérea dos EUA anunciou na semana passada que a Hawker foi eliminada da concorrência.

Isso tudo depois de uma maciça campanha protecionista contra a Embraer.

A Hawker acionou blogueiros e think-tanks de direita para atacar a empresa brasileira.

"É apavorante uma empresa subsidiada e efetivamente controlada por um governo estrangeiro, que às vezes é hostil aos interesses americanos, produzir equipamentos de defesa dos EUA", escreveu Jeffrey Mazzella, presidente do Centro para Liberdade Individual, em uma carta ao ex-secretário de Defesa, Robert Gates.

A empresa americana também lançou mão do populismo em meio à crise econômica dos EUA. "Hawker é uma empresa americana empregando trabalhadores americanos; dado o atual estado de nossa economia, dinheiro do contribuinte não deveria estar financiando o crescimento de outros países", escreveu Rich Michalski, vice-presidente da Associação Internacional de Maquinistas e Aeroviários.

A Hawker afirmava que, caso ganhasse a concorrência, iria "manter" 1.400 empregos, 800 deles no Kansas. A Embraer, associada à americana Sierra Nevada, diz que criará 50 novos empregos na linha de montagem em Jacksonville, na Flórida, mas que manterá 1.200 empregos em fornecedores americanos. A empresa diz que o Super Tucano vai estar dentro das regras do programa Buy American, com 80% do conteúdo produzido nos EUA.

A Força Aérea não deu ouvidos a esses argumentos protecionistas e excluiu a Hawker, o avião da americana ainda estava em caráter experimental, ao contrário do SuperTucano, que já foi testado em várias ocasiões.

Mas o lobby protecionista não vai descansar. A Hawker já deu mostras de que vai atrás do flanco vulnerável da Embraer. "Não é possível que uma empresa que está sendo investigada por corrupção continue participando da concorrência; vamos pedir que o Congresso estabeleça uma comissão de inquérito em cima do contrato", disse Todd Tiahrt, que foi deputado por 15 anos pelo Kansas, e agora é consultor da Hawker.

A Embraer está sendo investigada pela Securities and Exchange Commission sobre uma possível violação da Lei anticorrupção no Exterior.

Agora que a Hawker foi excluída da licitação, seus defensores estão mais irados. "Governo Obama direciona contrato de armamentos para empresa estrangeira ligada ao Irã" --esse foi o título do post que Ben Howe fez no blog RedState, um dos blogs conservadores com maior audiência. "A empresa tem amigos questionáveis. Especialmente o Irã. E a Embraer está sob investigação por potenciais pagamentos ilegais para obter contratos de governo", diz o post. "O Brasil precisa explicar sua história sórdida e longa com o Irã. Em 1989, o Brasil decidiu vender Tucanos para o Irã. Atualmente, a Guarda Islâmica Revolucionária do Irã opera 40 Tucanos da Embraer."

O resultado da licitação deve sair no início de 2012. Se a Embraer ganhar, podemos esperar artilharia ainda mais pesada.

patrícia campos mello

Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).

 

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