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patrícia campos mello

 

02/12/2011 - 10h07

Republicanos, cachorros amarrados e mulheres enganadas

Os candidatos republicanos têm disputado o posto de 'qualquer-um-menos-Mitt-Romney', um após o outro. O almofadinha Romney, dono do cabelo mais impecável do Hemisfério Ocidental, ainda é visto como o candidato com mais chances de vencer as primárias republicanas e eventualmente derrotar o titular Barack Obama. Segundo o InTrade (principal site de apostas), ele tem 49,8% de probabilidade ser o candidato republicano à presidência em 2012.

Mas Romney não empolga.Talvez seja por causa de seu passado de "esquerda" (defendendo direito ao aborto e instituindo plano de acesso universal à saúde no Massachusetts), sua religião (mórmon) ou seu histórico de flip-flops, de mudar de opinião de acordo com a conveniência política.

Por isso, houve uma sucessão de 'não-Romneys' neste ano. Primeiro foi o canastrão Donald Trump, depois Michele Bachman, seguida pelo neo-Bush Rick Perry e o loquaz 9-9-9 Herman Cain. O 'qualquer-um-menos-Romney' da vez é Newt Gingrich.
A campanha de Gingrich quase implodiu antes de começar, quando sua equipe se rebelou, em junho, contra o candidato que preferia fazer turismo nas ilhas gregas a levantar recursos.

Mas o resiliente Gingrich ressurgiu das cinzas para se tornar a segunda opção do momento. Segundo o InTrade, Gingrich tem 38,3% de chances de levar a indicação do Partido Republicano.

Ele foi presidente da Câmara de 1995 a 1999, capitaneando a reviravolta republicana - ajudou a acabar com 40 anos de maioria democrata na Casa. Em meio ao festival de insanidades que tem dominado o debate republicano, ele parece mesmo um pouco menos biruta.

Mas Gingrich tem pesadíssimos esqueletos no armário.

Em um país com grande prevalência de fariseus, vai ser difícil escapar de escrutínio por causa de seus três casamentos. Primeiro, Gingrich casou com sua professora de geometria do colegial, e a deixou enquanto ela lutava contra um câncer no útero. Aí ele casou com a amante, que abandonou enquanto ela lutava contra esclerose múltipla.

Para se casar com a atual mulher, Callista.

Enquanto Gingrich vituperava contra o presidente Bill Clinton, que teve um caso com a estagiária Mônica Lewinsky, ele próprio estava traindo sua mulher com Calista, que tinha então vinte e poucos anos.

Não que Romney brilhe no quesito comportamento exemplar.

Sim, ele é casado há 42 anos com Ann, mãe de seus cinco filhos.

Mas o pré-candidato republicano à Presidência tem um relacionamento bem peculiar com animais.

Como a colunista Gail Collins, do New York Times não cansa de lembrar --cachorro no teto!.

Nos anos 80, Romney pôs a família toda para viajar em sua perua e, com falta de melhor espaço, 'acomodou' seu cachorro setter em um bagageiro no teto do carro.

O cachorro Seamus viajou assim, no teto, de Boston até Ontario, no Canadá, por 12 horas. Com vento, desequilibrando-se, sol na cabeça.

No meio da viagem, o cachorro Seamus, assustado, enjoado, teve uma crise de diarreia que escorreu pelo vidro traseiro. Romney parou no posto de estrada, limpou o carro, e voltou a 'acomodar' o pobre Seamus no teto.

Não sei se está relacionado ao episódio cachorro, mas a InTrade dá como 21,5%, só, as chances de Romney vencer a eleição em 2012.

Já Obama aparece com 50,4% de probabilidade --não é muito, por tratar-se do atual ocupante do cargo, com todas as vantagens que isso implica. Mas não está mau, considerando-se o estado atual da economia-- desemprego na faixa dos 9%, crescimento anêmico, impasse no Congresso, déficit recorde do Orçamento.

É, não consta que Obama tenha traído a mulher com câncer ou mantido o cachorro (pobre Bo) amarrado no teto do carro por 12 horas.

patrícia campos mello

Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).

 

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