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patrícia campos mello

 

09/12/2011 - 11h33

Sinais de recuperação nos EUA e o antikeynesianismo republicano

Contrastando com a malaise europeia, alguns sinais de ânimo começam a vir dos Estados Unidos. Nos últimos dois meses, uma série de indicadores econômicos tiveram resultados melhores do que era previsto, reduzindo o pessimismo de economistas.

O número de americanos entrando com pedido de seguro-desemprego caiu para o nível mais baixo em nove meses.

Na semana passada, o desemprego caiu para 8,6% nos EUA, mais baixo em dois anos, embora boa parte se deva ao número de pessoas que desistiram de procurar emprego.

O indicador ISM de manufatura indicou expansão da indústria em novembro e varejistas relataram aumento nas vendas nas liquidações da Sexta-feira Negra.

Os arautos do double dip, a recessão em duplo mergulho, parecem mais contidos --com exceção, claro, do Dr. Doom Nouriel Roubini.

"Antes estimávamos em 40% a probabilidade de a economia americana entrar em recessão; com o cenário um pouco melhor, reduzimos para 35% a estimativa", disse à Folha Patrick Newport, economista especializado em EUA da IHS Global Insight. "Vários indicadores de emprego, gasto do consumidor e manufatura vieram melhores do que era esperado."

Mas os republicanos, em sua fúria antikeynesiana, ameaçam abortar esse esboço de recuperação, ainda tão incerta.

O que há seis meses era dado como favas contadas --passar uma medida prorrogando corte de impostos sobre a folha de pagamentos, medida que beneficia diretamente o trabalhador americano-- está encalacrado no Congresso.

Os republicanos assumiram a posição pouquíssimo popular de apoiar uma elevação de impostos sobre os trabalhadores e bloquearam os pacotes dos democratas, que incluíam medidas anátema para a base, como mais impostos para milionários.

Depois de vários projetos derrubados nas negociações, os deputados republicanos irão propor na semana que vem um pacote que inclui uma redução de 10% no número de funcionários públicos e diminuição da duração máxima de benefícios para desempregados.

Ou seja, no afã de mostrar à sua base seu zelo antideficit, vão reduzir demanda justo nesse momento em que uma austeridade no curto prazo pode frustrar o crescimento --aumentando o endividamento no longo prazo.

São legisladores que se parecem cada vez mais com GOP Gekkos, como disse hoje o colunista Paul Krugman (GOP é o apelido do Partido Republicano, Grand Old Party, e Gekko é o personagem de Michael Douglas no filme Wall Street, aquele que dizia: "ter ganância, na falta de uma palavra melhor, é muito bom").

patrícia campos mello

Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).

 

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