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patrícia campos mello

 

19/08/2011 - 07h00

Democratas, tremei: Rick Perry veio para energizar a base republicana

Rick Perry é o candidato que pode energizar a base republicana e animar milhões de eleitores do GOP a saírem de casa e votarem para presidente em 2012 ---do mesmo jeito que Barack Obama fez com massas de Democratas esperançosos em 2008.

O atual líder nas pesquisas, Mitt Romney não é um candidato que empolga as bases republicanas.

Para começar, ele é mórmon. Nasceu em Michigan, e não no sul dos EUA. Foi governador de Massachusetts, Estado que é o bastião do liberalismo americano. Em Massachusetts ---o horror, o horror--- ele implantou um sistema de saúde universal muito parecido com o esquema dos sonhos de Barack Obama, que é tachado de socialista pelos republicanos mais radicais. Ah, e trabalhou anos à frente da empresa de venture capital Bain Capital, liderando operações de compra de empresas que resultaram em demissões de milhares de trabalhadores.

Já Rick Perry, governador do Texas desde dezembro de 2000, é tão "perfeito" para a base republicana que assusta. Ele é texano. Ele estudou na Universidade Texas A&M, onde tirava nota C em várias disciplinas, e faz questão de dizer que não liga para essa coisa de "ler livros", mania de esnobes liberais da costa leste. É evangélico fervoroso. Como ele mesmo disse em seu livro Fed Up!, ele é bem o perfil amado pelo eleitorado republicano "de raiz": "Sabe o tipo de cara que vai correr de manhã, levando sua pistola Ruger 380 com mira a laser, e mata um coiote que está ameaçando o cachorro da filha."

Perry manteve políticas de redução de impostos e regulações e austeridade fiscal no Texas e agora se vende como o responsável do milagre econômico texano.

O Texas gerou um terço dos empregos criados desde o "fim" da recessão de 2008.

[Há controvérsias, economistas de esquerda já surgiram para contestar o papel de Perry no tal milagre econômico, dizendo que a maioria dos empregos gerados é salário mínimo sem plano de saúde e se deve ao boom de petróleo e gás no Estado].

E Perry já mencionou que seria boa ideia a "secessão" do Estado do Texas dos EUA --daí a piada corrente, de que país ele quer ser presidente, dos EUA ou do Texas?

Por outro lado, talvez Perry seja parecido demais com George W Bush, que traumatizou até mesmo uma parte dos republicanos hardcore. Todo esse jeitão texano (embora Dábliu seja transplantado da costa leste), de homem do povo, de hábitos simples, sem veleidades intelectuais. Mas o próprio Perry tenta se descolar da imagem de Dábliu, dizendo ser realmente conservador --e não "conservador compassivo", como se definia Bush, que de conservador fiscal não tinha nada e transformou o superavit do orçamento dos EUA em enorme deficit.

Ou seja, numa possível eleição de 2008, os eleitores vão ter de decidir quão traumatizados ainda estão com Bush e quão parecido Perry e Dábliu são.

Como disse Michael Tomasky no Daily Beast: "Uma disputa Obama-Perry seria uma guerra entre duas Américas, cada lado representado por seu estandarte cultural, e a base da cada lado absolutamente desprezando tudo o que representa seu oponente."

patrícia campos mello

Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).

 

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