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patrícia campos mello

 

26/08/2011 - 11h42

A revolução científica na campanha eleitoral dos EUA

Muito se falou sobre as sofisticadas técnicas de análise de dados eleitorais que a campanha de Barack Obama usou em 2008. Fatiando o eleitorado em nichos cada vez mais específicos, a bem-sucedida campanha de Obama conseguiu customizar sua mensagem de forma muito mais eficaz.

Mas também os republicanos estão investindo em sofisticadas técnicas para medir o que funciona e o que é gasto inútil de dinheiro em campanhas eleitorais. Um querido amigo, Sasha Issenberg, acaba de lançar o e-book "Rick Perry and his Eggheads" (em tradução livre, "Rick Perry e seus nerds"), disponível no Kindle ou iPad, pela Amazon ou i-tunes, por US$ 0,99. O e-book é um capítulo do seu livro "Victory Lab" ("Laboratório da Vitória"), que será lançado no ano que vem no calor da campanha, e analisa como novas técnicas estão revolucionando as campanhas eleitorais americanas.

No e-book, ele conta como Rick Perry, em sua campanha para o governo do Texas em 2006, adotou uma trupe de quatro eggheads, incluindo dois acadêmicos de Yale de esquerda, para analisar a eficácia de tudo o que é feito na campanha e cada centavo gasto --vale a pena imprimir milhares de adesivos e placas para as pessoas porem em seus jardins? É melhor fazer minicomícios estilo townhall ou ligações para eleitores pedindo doações para a campanha?

"Ao longo da última década houve uma espécie de revolução científica nas campanhas, muito disso se deve à maior quantidade de informações disponíveis sobre cada eleitor. A campanha de Obama tinha uma obsessão por recolher a maior quantidade possível de dados, sobre suas operações e as operações de outras campanhas, e destrinchá-los. E a campanha de Obama em 2012 está ainda mais agressiva nessa direção", disse-me Sasha.

Conheci Sasha na campanha de John McCain em 2008, quando nós dois acompanhávamos o candidato em suas andanças pelo país. Ele cobria o candidato para o "Boston Globe". Hoje, Sasha é correspondente da revista "Monocle" em Washington e colaborador regular para a revista do "The New York Times" e para a "Slate". Seu livro anterior, "Sushi Economy", foi um best-seller por anos.

Como Sasha vem cobrindo política há anos, aproveitei para consultá-lo sobre a campanha para a eleição de 2012, que esquentou muitíssimo com Rick Perry e Michele Bachman.

Como você avalia o atual cenário de pré-candidatos republicanos?

Perry está preenchendo um buraco que surgiu entre Romney e Bachmann. Perry tem um histórico de credibilidade no governo e autoridade ao falar de questões econômicas, coisas que Bachmann não tem. E ele é mais ideológico e tem mais carisma que Romney. É uma combinação bastante ponderosa para os eleitores das primárias republicanas.

Existe a percepção de que Perry, por ser demasiado ideológico e dado a declarações impulsivas, pode ser 'inelegível' na eleição geral, embora seja muito atraente para os eleitores republicanos na primária...

Ele é claramente mais talhado para a primária republicana do que para a eleição geral. Nós vamos ver logo se os eleitores republicanos vão se importar com "eligibilidade" este ano. No passado, eles se importaram --Romney desenvolveu boa parte de sua estratégia de campanha com a convicção de que os republicanos vão escolher o candidato com maiores chances de vencer Obama no ano que vem. Perry se sai melhor no papel de alguém que quer lutar contra Obama, e isso pode ser bom o suficiente para vencer as primárias.

Quão enfraquecido Obama entra na campanha, dado o desempenho pífio da economia?

Desempenho econômico tem sido um indicador poderoso sobre as possibilidades de reeleição, e seguindo essa medida, Obama estaria muito mal. Mas importa muito quem são os oponentes, e cada um dos pré-candidatos republicanos tem vulnerabilidades importantes. E Obama entra na campanha com algumas vantagens estruturais formidáveis. Ele vai ter muito dinheiro, grande parte será usada em propagandas para atacar seus rivais, e mudanças demográficas em curso jogam a seu favor --especialmente o crescimento do eleitorado hispânico.

patrícia campos mello

Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas, sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Em Nova York, cobriu os atentados de 11 de Setembro. Formou-se em Jornalismo na Universidade de São Paulo e tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).

 

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