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paula cesarino costa

 

18/11/2011 - 03h00

Nem tão junto

RIO DE JANEIRO - Se a política de segurança do secretário José Mariano Beltrame foi fator decisivo para a reeleição do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), a consolidação do projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) pode transformar-se de ativo em passivo nas próximas duas eleições -a municipal, em 2012, e a estadual, em 2014.

A pacificação de comunidades, carentes em quase tudo o que o Estado deveria propiciar, criou um caldeirão crescente de reivindicações, expectativas e cobranças.

É fato que a UPP ampliará o acesso a um eleitor antes muito próximo do voto de cabresto, nascido da junção de política assistencialista com tráfico de drogas. Esse eleitor, porém, terá agora de pagar mais por serviços que consumia na ilegalidade e continuará num ambiente sem infraestrutura mínima de salubridade.

Cabral sabe que o sucesso da política de segurança de Beltrame, e dele, pode voltar-se contra si.

O Estado terá de mostrar-se capaz de fazer reformas estruturais que sustentem essa política -saneamento, cursos de qualificação, oferta de vagas, microcrédito, coleta de lixo, melhorias nas escolas, atendimento médico mínimo. Ou o fracasso virá em dose tripla: do projeto de segurança, do social e do eleitoral.

Beltrame passa a ser personagem das eleições. Não está claro que papel vai assumir e como Cabral lidará com isso. É nítido que a relação entre os dois esfriou. Especialmente depois de Beltrame ter declarado, no fim de 2010, "temores em relação ao período pós-UPP" e criticado o próprio governo do Rio: "O sucesso do projeto depende de investimentos maciços, e estes não estão sendo feitos na velocidade necessária".

A publicidade do governo espalha hoje o slogan "Com a paz, o Rio todo cresce junto". Pacificar é uma forma de dizer aos cidadãos que direitos foram restaurados. Com a paz, podem exigir com a própria voz. E com o voto.

paula cesarino costa

Paula Cesarino Costa é jornalista. Paulistana, é diretora da Sucursal do Rio da Folha desde 2004. Desempenhou várias funções desde que entrou no jornal em 1987. Foi secretária de Redação, editora de política, de negócios e de cadernos especiais e coordenadora de treinamento. Escreve às quintas na página 2 da versão impressa da Folha.

 

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