Mapa de pequenas diferenças

RIO DE JANEIRO - Em um feriado ou domingo de sol, o Rio se enche de gente nas ruas, nas praias e nos parques. São Paulo se transforma em uma cidade-fantasma. As pessoas fogem, na busca de um lugar para aproveitar o dia.

As árvores parecem florescer mais em São Paulo, ou árvores do tipo que ficam floridas. São Paulo é dos jacarandás-mimosos, das tipuanas, das sibipirunas, dos paus-ferro, das espatódeas, das patas-de-vaca. Nos muros, primaveras rosa, roxas, cor de tijolo (que os cariocas chamam de buganvílias).

As folhagens de diferentes verdes dominam o Rio, ao lado das árvores exóticas, como o abricó-de-macaco, o pau-formiga e o suinã, e das jaqueiras. Nas ruas, antigas e novas amendoeiras (que os paulistas chamam de chapéu-de-sol).

O tempo de duração de um sinal de trânsito é o tempo da vida da cidade. No Rio, eles duram muitos minutos a mais. Em São Paulo, os mais velhos, com frequência, quase não chegam à calçada do lado oposto.

Sabiá, bem-te-vi, rolinha, sanhaço e maritacas cantam muito nos céus paulistanos, ao lado dos indefectíveis pardais. As aves do mar desenham os céus cariocas. Mergulhões, gaivotas, atobás voam, ao lado das indefectíveis pombas.

Toda carioca tem uma sandália rasteirinha. Toda paulista tem uma bota de cano alto.

Qualquer estabelecimento em São Paulo tem um relógio na parede. No bar, na farmácia, na lojinha. No Rio, quase não se vê relógio, mas sempre existe uma TV. Não se sabe que horas são, mas sempre se sabe o que passa na TV.

Não dá para ficar à toa em São Paulo. O Rio leva a não fazer nada.