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31/03/2013 - 03h00

O tamanho do vexame

A Federação francesa, reunida no final da tarde de ontem, tomou uma grave decisão. Considera que não houve resposta a seu telegrama de 1º de junho e decidiu não enviar sua seleção à Copa Jules Rimet, a ser disputada no Brasil entre 24 de junho e 16 de julho.

O calendário oficial da Copa do Mundo prevê os jogos do Grupo 4 para os seguintes dias e locais:

25 de junho: França x Uruguai, em Porto Alegre.

29 de junho: França x Bolívia, no Recife.

2 de julho: Uruguai x Bolívia, em Belo Horizonte.

... é injusto, inadmissível, obrigar a equipe francesa a jogar seus dois jogos, a quatro dias de intervalo, nas duas extremidades do Brasil, a 3.500 km de distância, e passar de uma temperatura de 0ºC a 35ºC.

O trecho acima é do jornal francês L'Équipe de 6 de junho de 1950, 19 dias antes da estreia agendada da França na Copa. O presidente da federação francesa, Henry Delaunay, chegou a receber um telefonema de Sotero Cosme, desenhista, músico e diplomata brasileiro, falando em nome do comitê organizador. Cosme insinuou a possibilidade de mudar a tabela, mas Delaunay não considerou o telefonema uma resposta oficial.

A França não veio ao Brasil em 1950.

Na quinta-feira passada, 63 anos depois, o técnico da seleção italiana estava irritado. Cesare Prandelli usaria o Engenhão como sua base de treinamentos durante a Copa das Confederações. Como se sabe, será impossível!

Semanas atrás, um ex-funcionário do comitê-executivo da Copa disse que só um ser sabe como o Maracanã ficará pronto até a Copa das Confederações: Deus!

O presidente do Corinthians, Mário Gobbi, diz que o estádio de Itaquera já está pronto para 48 mil lugares, só à espera do acabamento. Mas repete o que Andrés Sanchez tem alardeado: chegar aos 68 mil lugares necessários para a abertura da Copa, só se o dinheiro do BNDES for depositado. Há dois anos há um impasse, porque o banco não aceita depositar na conta de um fundo imobiliário que tenha o Corinthians como maior cotista, pois os clubes são inimputáveis.

É possível que a Odebrecht construa o estádio inteiro e isso signifique problemas futuros para o Corinthians, que pagaria juros mais caros à empreiteira do que ao BNDES. Gobbi confia que o impasse será solucionado. Mas há quem jure que Dilma não moverá uma palha nem se a abertura tiver de mudar para Brasília.

"Se fomos capazes de realizar uma Copa em 1950, quando eu tinha 4 anos, imagino o que não poderemos fazer quando eu tiver 69", disse Lula em 2007, logo após o anúncio do Brasil como sede.

O que não poderemos fazer, nem os franceses de 1950 poderiam imaginar.

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Paulo Vinicius Coelho, 43, é jornalista desde os 18, quando publicou sua primeira reportagem no jornal 'Gazeta do ABC'. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006 e 2010. Hoje, também é comentarista da ESPN.

 

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