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Brian Eno desafia o Brasil
DE SÃO PAULO
Brian Eno is God ("Brian Eno é Deus"). Essa pichação irônica tomou Nova York em 1979. A razão é que o ex-Roxy Music, ex-produtor de David Bowie, então com 29 anos, conquistava a cena nova-iorquina enquanto "descansava" na cidade.
No Brasil, nada parecido apareceu nas paredes do Rio de Janeiro. Mas a passagem de Brian Eno pela cidade, aos 64 anos, deixou marca.
O produtor-artista-pensador mostrou sua obra "77 milhões de pinturas", projetada nos arcos da Lapa. Tudo acompanhado da música feita com seu aplicativo de iPad "Scape", em que cada pessoa "produz" seu próprio disco de Brian Eno.
Em conversa pública no Circo Voador, da qual participei, perguntei sobre entrevista dada à revista "Wired" em 1995. Nela, Eno dizia que o problema dos computadores é que "não há África suficiente neles".
Um "nerd" seria alguém com "pouca África". Perguntei a ele se agora, na era "pós-PC", com tablets e smartphones, o coeficiente de "África" não teria aumentado.
A resposta: tablets e smart-phones aumentam, sim, a relação "muscular" com o computador. Mas isso só vai acontecer de verdade quando um país como o Brasil passar a participar do design das interfaces do futuro.
Faz sentido. Já em 1995, Eno dizia: "Sabe por que a música foi central por tanto tempo? Porque era uma forma de receber a África. Em 50 anos, pode não ser mais a África; pode ser o Brasil. Eu desejo desesperadamente que essa sensibilidade inunde outras áreas, como os computadores". O desafio está feito.
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Ronaldo Lemos é diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e do Creative Commons no Brasil. É professor de Propriedade Intelectual da Faculdade de Direito da UERJ e pesquisador do MIT Media Lab. Foi professor visitante da Universidade de Princeton. Mestre em direito por Harvard e doutor em direito pela USP, é autor de livros como 'Tecnobrega: o Pará Reiventando o Negócio da Música' (Aeroplano) e 'Futuros Possíveis' (Ed. Sulina). Escreve às segundas.
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