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rosely sayão

 

03/07/2012 - 03h30

A teia solidária virtual

Desde que eu li a notícia sobre uma garota de 15 anos que tentou extorquir um empresário pela internet tenho pensado muito a respeito do mundo virtual e de seu significado social, tanto para os adultos quanto para os mais novos.

Meu primeiro passo para chegar mais perto dessa realidade foi fazer um rápido levantamento das notícias e reportagens que abordaram o assunto das relações virtuais. Fiquei bem impressionada com as constatações que fiz.

Notei, logo de largada, que na maioria das vezes em que o assunto foi abordado com destaque foram ressaltados aspectos negativos das relações das pessoas de diferentes idades com a internet.

A imprensa, de um modo geral, tem falado com bastante frequência de alguns temas como traição conjugal virtual, roubo de informações confidenciais e de dados bancários, invasão de computadores, bullying, pornografia infantil etc.

Ao lado dos pequenos dramas e até das tragédias envolvendo as relações virtuais ligadas a tais temas sempre vinham algumas boas orientações sobre como evitar ser o protagonista de um caso semelhante ao mostrado.

Claro que eu também vi, mas não com o mesmo destaque, tampouco com tanta frequência, notícias mostrando pessoas que conseguiram desfrutar do melhor lado do mundo virtual.

Homens, mulheres e jovens fizeram grandes e pequenos negócios na internet ou encontraram seus pares perfeitos; escolas adotaram o uso da rede para melhorar o aprendizado (ou seria rendimento?) dos alunos e estudantes, por iniciativa própria, conseguiram aprender muito mais usando os recursos da internet. Mas a maior parte dessas notícias estava relacionada a negócios, empreendimentos e tecnologia.

Foi assim, bastante influenciada pelo clima dos prejuízos pessoais e coletivos que a internet pode causar, que passei para o segundo passo: aventurar-me em uma rede social.

Essa experiência tem me mostrado outros lados do uso da internet. Foi nessas pesquisas virtuais que descobri uma enorme quantidade de grupos solidários. E não me refiro aqui à defesa de qualquer tipo de causa.

O que descobri foi que a rede é muito utilizada para que pessoas com problemas cotidianos tenham pontos de encontro virtuais para oferecer e pedir ajuda.

Redes solidárias de pais, por exemplo, existem muitas. Nesses pontos de encontro virtuais, mães e pais abordam desde questões práticas, como procurar informações a respeito da qualidade de determinado produto destinado ao público infantil, até questões bem mais complexas, como refletir a respeito da educação dos filhos.

O mais interessante é a generosidade dos participantes: há sempre muitos pais e mães interessados em compartilhar com os menos experientes o conhecimento que já adquiriram na lida com os seus filhos.

E tem mais: sempre há espaço para desabafos e reclamações e, de volta, sempre há encorajamentos e escuta.

Da mesma maneira, jovens que enfrentam pequenas dificuldades, tanto na convivência quanto no trabalho escolar ou nos estudos, também conseguem ter, de seus pares conhecidos reais ou virtuais, palavras de ânimo e até pistas úteis para resolver suas dificuldades escolares.

Já houve um tempo em que, no mundo real, redes solidárias semelhantes funcionavam. Parentes, amigos e vizinhos podiam, por exemplo, buscar uma criança na escola quando os pais tinham um imprevisto, dar almoço ou jantar para ela e fazer-lhe, de bom grado, companhia até que os pais chegassem. Da mesma maneira, muitos pais, em momentos de aflição, contaram com apoio de sua rede de relações.

Se o estilo de vida urbano que adotamos fez essa teia solidária quase desaparecer do mundo real, permitiu também que ela ressurgisse em outro formato.
Bendito seja esse mundo virtual.

rosely sayão

Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças.

 

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