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sílvia corrêa

 

02/07/2012 - 03h00

Donos de cães se preparam para enfrentar raios e rojões

O Corinthians está a dois dias de uma partida histórica. E nós, lá em casa, às vésperas de mais um grande desafio: sobreviver ao foguetório da vizinhança.

Há duas paixões na vida que beiram a incompatibilidade: gostar de cães e de soltar rojões. E o pesadelo se repete ao menos a cada semestre --vencido o Ano-Novo, chegam as festas juninas, isso sem falar nas finais de campeonato e na época de chuva (porque, para um cachorro medroso, trovão e rojão são exatamente a mesma coisa).

Dos meus dez cães, quatro têm verdadeiro pavor de qualquer coisa barulhenta que venha dos céus. São momentos em que, confesso, já pensei coisas impublicáveis contra o dono da Fogos Caramuru.

Dois deles conseguem lidar com o problema: se escondem sob os cobertores do canil e de lá só saem quando percebem que a paz voltou a reinar.

Outros dois, no entanto, não encontram paradeiro durante tormentas e foguetórios. Um deles é o valentão Pompom, o pit bull que acha que é poodle.

Já há alguns anos, na primeira tempestade em que Pompom desandou a chorar, lá fui eu, correndo, ao seu encontro. Era noite e deixei que ele deitasse comigo no quarto de hóspedes. Para ele, foi um santo remédio: o bichão dormiu como um anjo. Mas eu arrumei um problema. Agora, mal o céu fica escuro, ele começa a chorar. E isso acontece exatamente porque fiz tudo o que as boas práticas de adestramento condenam: recompensei Pompom por seu comportamento indesejável.

Os cães têm capacidade auditiva maior do que a nossa --ouvem sons mais graves e mais agudos do que nosso ouvido pode captar. É isso o que faz com que um ruído sem importância para nós seja ensurdecedor para eles.

Para filhotes, o melhor é acostumá-los desde cedo a barulhos, aparelhos domésticos, correria de crianças. Mas, para adultos já medrosos, tudo fica mais difícil.

Se o cão se esconde e fica quietinho, é melhor deixá-lo no local em que se sente seguro, sem importuná-lo. Se der para ligar um rádio ou uma TV neste cômodo, melhor. Vai abafar os estrondos da rua.

Para os eternamente desesperados, no entanto, o dono pode tentar uma terapia de dessensibilização: acostumar o animal aos sons mais temidos.

Há CDs e sites na internet que reproduzem esses barulhos. A ideia é brincar com o animal ao som dessa sinfonia até que ele passe a associá-la a momentos agradáveis.

Mas, como estamos às vésperas da final da Libertadores, a única alternativa dessa vez será garantir que o cachorro fique num local seguro, de onde não consiga fugir nem possa se enforcar na coleira ou se machucar em lanças de portão.

O que não se deve fazer, de jeito nenhum, é exatamente tudo o que um dono preocupado tem vontade: pegar o bicho no colo, falar baixinho, apertá-lo contra o peito. Aí estará dada a senha: "Estamos em perigo". Como eu, você vai se arrepender.

#prontofalei#: Com o perdão de São Jorge, também vale torcer para o Boca Juniors (rs).

sílvia corrêa

Sílvia Corrêa cursou jornalismo e veterinária. Trabalhou por 13 anos na Folha e, depois, nas principais emissoras de televisão do país. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.

 

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