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sílvia corrêa

 

28/10/2012 - 03h00

Cães de Maslow

São Paulo foi palco há poucos dias da já tradicional Pet South America -a maior feira latina do setor pet. Nos largos corredores, há literalmente de tudo. Mas os brinquedos são um capítulo à parte: deixam a impressão de que cães e gatos entraram definitivamente na era de Maslow. Explico.

Abraham Maslow foi um psicólogo norte-americano que viveu na primeira metade do século 20 e, entre outras teorias, desenvolveu a da pirâmide das necessidades. Dividida em estratos, ela tem, na base, nossas necessidades fisiológicas (comer, respirar, dormir), seguidas das relativas à segurança (em casa, no emprego, nas relações) e ao afeto. No topo estão nossos desejos de conquista e de satisfação pessoal.

Maslow sustenta que há uma hierarquia entre esses estratos: as necessidades mais básicas precisam ser satisfeitas para que o indivíduo perceba que tem outras demandas. Para mim, nossos animais chegaram no meio dessa escalada.

Nas clínicas, são cada vez mais frequentes casos de distúrbio de comportamento em cães e gatos domiciliados, bem nutridos e amados. Eles têm tudo, mas querem mais. Precisam de desafios. E a indústria, claro, já percebeu esse mercado.

Há brinquedos de várias formas e materiais, mas o princípio de todos eles é semelhante: o animal tem de cumprir uma tarefa para chegar a um petisco. Trouxe para casa um exemplar no qual o cão tem de afastar pequenas peças para achar os bifinhos. A experiência com minha matilha foi reveladora.

Mel, minha vira-lata mais velha, confirmou o que já desconfiávamos: é uma sábia estrategista. A golden retriever Jade e o pit bull Pompom apelaram: viraram as bandejas até os petiscos caírem. O impaciente Kanda cobriu o brinquedo de porrada. E os outros se assustavam com os movimentos que eles mesmos provocavam nas bandejas.

Foi uma tarde divertida. E, a julgar pela velocidade com que os rabos balançaram, acho que demos um passo rumo ao topo da pirâmide.

Ilustração Tiago Elcerdo
sílvia corrêa

Sílvia Corrêa cursou jornalismo e veterinária. Trabalhou por 13 anos na Folha e, depois, nas principais emissoras de televisão do país. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.

 

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