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valdo cruz

 

27/03/2012 - 07h01

Dilma, economia e política

Neste início de semana, o comentário que mais se ouve em Brasília é que a crise viajou. Dilma Rousseff embarcou para Índia e, pelo menos é o que todos governistas esperam, o clima repleto de turbulências das últimas semanas dará uma trégua.

Em sua bagagem de viagem, Dilma guardou um espaço bem maior para suas preocupações com o ritmo lento da economia e bem menor para a crise política -que ela segue minimizando, num movimento considerado de risco por seus aliados.

O fato é que Dilma, até por sua formação técnica, está muito mais focada no que acontece na economia. Não por outro motivo deu sinal verde para seu ministro Guido Mantega (Fazenda) divulgar novas medidas de estímulo para economia enquanto ela seguia para a Índia. Novas ações lançadas no mesmo dia em que o Banco Central soltou indicador mostrando uma economia ainda bem devagar neste início de ano, tudo que a presidente não deseja.

A presidente quer, a todo custo, evitar que se instale no país um clima de desânimo por conta de um início de 2012 nada estimulante. Ela sabe que, se isso não for revertido, os índices de desemprego, que só faziam melhorar nos últimos tempos, podem começar a preocupar nos próximos meses. Em outras palavras, a perda de ritmo da economia pode começar a afetar a criação de vagas no mercado de trabalho.

Se isso ocorrer, o que Dilma espera que não aconteça, aí, sim, a crise política passará a ser um problema. Afinal, até aqui, a população segue satisfeita com seu estilo de governar e mantém certa sensação de prosperidade por conta do aumento de renda e de oportunidades de emprego. Caso este sentimento mude de rumo, com certeza ele vai se refletir nos índices de aprovação da petista.

Neste caso, a classe política, que hoje, muito contrariada, ainda teme a presidente, pode começar a sentir espaço para tentar pressioná-la a mudar sua postura inflexível em relação aos pleitos do Legislativo. Sinceramente, tomara que isso não ocorra. Primeiro, porque ninguém deseja que a economia vá para o buraco. Segundo, porque, mesmo ainda longe do ideal, a forma como Dilma trata as pressões políticas representa um avanço em relação a seus antecessores.

Longe de mim acreditar que ela não se curva ao toma-lá-dá-cá, como alguns assessores apregoam e a recente nomeação de Marcelo Crivella para o Ministério da Pesca desmente. Ela, porém, mostra de fato uma maior resistência ao fisiologismo político. Até quando, a conferir. Diríamos que, como dito acima, a economia irá definir o desfecho desta novela.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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