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valdo cruz

 

17/04/2012 - 18h29

Dilma, Hillary e o destino da CPI do Cachoeira

"Tarde demais." Assim um integrante do governo Dilma definiu o debate sobre a criação da CPI do Cachoeira, aquela destinada a investigar o empresário Carlos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de jogos ilegais. Segundo ele, o processo atingiu um ponto sem retorno e, do ponto de vista de imagem, um recuo por conta de pressões palacianas pegaria muito mal.

Principalmente, diz ele, depois das declarações da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, de que a presidente Dilma Rousseff "criou um padrão para o mundo" no combate à corrupção. Como, desabafa ele, ficar contra uma comissão que irá investigar exatamente atos de corrupção depois do que disse a secretária dos Estados Unidos?

O fato é que, estimulada pelo presidente Lula e pelo PT, Dilma não se opôs, inicialmente, à criação de uma CPI para investigar os negócios de Cachoeira. Fez apenas um pedido, que seus ministros não se envolvessem pública e diretamente nas negociações para montagem da comissão. Não queria, nada mais do que justo, que seu governo fosse visto como um dos agentes estimuladores da CPI.

Depois, quando viu que a comissão pode investigar as relações de Cachoeira com a empreiteira Delta, tocadora de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Palácio do Planalto passou a ficar preocupado com o potencial explosivo da futura CPI. Só que, insiste o assessor palaciano, ficou praticamente impossível recuar.

Ele lembra ainda que parte considerável da popularidade da presidente Dilma está ligada à imagem de intolerância com atos de corrupção. Se a CPI do Cachoeira for arquivada, a oposição vai tentar debitar na conta presidencial parcela relevante da responsabilidade pelo recuo. O que pode arranhar a imagem de Dilma.

Enfim, tudo indica realmente que teremos uma nova CPI funcionando dentro do Congresso. Comissão que virou realidade pelo desejo de vingança do ex-presidente Lula contra o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo. Não fosse a profunda mágoa de Lula contra Perillo, que disse ter alertado o ex-presidente sobre o "mensalão", a CPI não passaria de mais uma ameaça e ficaria apenas na promessa. Agora, é conferir no que vai dar. Afinal, o governo pode muito bem controlar os trabalhos da comissão. Só que, para isso, terá de pagar um pedágio. A base aliada, que não vinha sendo atendida como desejava, já esfrega as mãos.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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