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valdo cruz

 

24/04/2012 - 07h02

Dilma e seu esforço concentrado

A economia dá sinais de que seguirá crescendo pouco neste ano. Acima dos 2,7% de 2011, mas abaixo dos sonhados 4% da presidente Dilma. O número mais realista aponta para um crescimento do PIB no segundo ano de mandato da petista perto dos 3%.

Esse cenário econômico, contudo, não atingiu negativamente a imagem do governo e da presidente. A última pesquisa Datafolha não só mostrou que a popularidade do governo Dilma bateu mais um recorde como revelou que a população brasileira está mais otimista exatamente com a economia.

Tudo indica que Dilma está ganhando os corações e mentes dos brasileiros com seu estilo austero e de baixa tolerância com o jogo político e, também, convencendo a população de que não ficará acomodada diante de possíveis turbulências no campo econômico.

Desde o início do ano a presidente tem colocado sua equipe para trabalhar em busca de socorrer a indústria nacional e de forçar uma redução nas taxas de juros dos bancos privados. Esse discurso presidencial, que vem sendo repetido à exaustão nos últimos dias, com certeza pesou na hora de o brasileiro afirmar que está otimista com os rumos da economia nacional.

É bom dizer que não é apenas no discurso que Dilma está ganhando a parada. A inflação está caindo e a renda dos trabalhadores continua em alta. Além disso, a taxa de desemprego segue baixa, apesar de a geração de novas vagas de trabalho ter perdido um certo ritmo.

Mas sua cruzada contra os juros elevados dos bancos privados rendeu pontos positivos ao governo nas últimas semanas. A derrubada dos juros bancários era uma obsessão de Dilma Rousseff desde os tempos em que era ministra da Casa Civil.

Como presidente, decidiu colocar o assunto como prioridade de sua gestão. Quer porque quer terminar seu mandato com juros nos mesmos padrões do mundo civilizado. Encontrou em sua equipe aliados afinados com seu discurso.

O ministro Guido Mantega (Fazenda) seguiu à risca as orientações presidenciais e bateu de frente com os bancos privados. Deu certo. Os bancos, que ensaiaram uma estratégia de jogar a culpa pelos juros elevados nas costas do governo, se deram mal. Mantega conseguiu virar o jogo e deixar a bola com os bancos privados.

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini foi acionado para fazer o trabalho de bastidores, de convencer os banqueiros que era um erro brigar com o Palácio do Planalto. Nos últimos dias, em contato com os principais banqueiros, Tombini buscou um caminho de volta à racionalidade, mostrando a eles que, no curto prazo, precisavam fazer um gesto de boa vontade. Cederam e começaram a baixar as taxas de juros de suas operações.

Dilma, Mantega e Tombini não estavam nem um pouco satisfeitos com o que vinha acontecendo. Enquanto o Banco Central reduzia os juros nas últimas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), os bancos privados marchavam em outra direção. Daí surgiu o mal-estar entre as duas partes. O governo partiu para o ataque, e os bancos privados foram obrigados a recolher suas armas.

Enfim, Dilma, com o resultado da pesquisa Datafolha, ganha mais força para seus embates. Principalmente no Congresso, onde terá de conviver com os trabalhos da CPI do Cachoeira e, ao mesmo tempo, enfrentar votações complicadas, como a do Código Florestal. O fato é que, a cada pesquisa revelando que a popularidade de Dilma continua em alta, os aliados perdem espaço de barganha no Palácio do Planalto. Fica mais difícil emparedar uma presidente popular. A conferir.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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