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valdo cruz

 

06/06/2012 - 07h02

Salvar 2013

A ordem dentro do governo é tentar evitar o pior em 2012 e fazer tudo para salvar 2013. Esta é a tônica das reuniões de emergência que a presidente Dilma Rousseff convocou nos últimos dias para adotar medidas destinadas a destravar o investimento público.

Por mais que o governo se movimente, e está se movimentando, crescer 3% neste ano ficou impossível. Há quem ainda aposte ser possível chegar nos 2,7% registrados no ano passado. Os mais realistas, contudo, acreditam que o cenário está mais para 2,5%. E olhe lá.

Daí que as novas medidas que estão sendo elaboradas visam mais evitar que o crescimento, que já será ruim neste ano, seja ainda pior. Algo próximo do péssimo. Ou seja, ficar na casa dos 2%. E fazer o país ganhar um ritmo acelerado no segundo semestre para entrar em 2013 numa velocidade de um crescimento por volta de 4,5%.

A equipe econômica já conta com um aquecimento da economia no segundo semestre por conta das medidas adotadas no início do ano, cujos efeitos só serão sentidos mais fortemente neste período. E espera que as novas iniciativas deem mais impulso ainda à economia na reta final do ano. Com isso, avaliam os técnicos, estaria garantido um cenário mais positivo em 2013.

Ou seja, tudo está sendo feito para salvar 2013, o terceiro ano do mandato presidencial, considerado crucial para a presidente Dilma fechar seu mandato com boas marcas na economia, pavimentando o caminho para uma reeleição. É bom destacar que a presidente não tem a reeleição como uma obsessão, mas sabe tecnicamente a importância de ter um terceiro ano bom ou muito bom para encerrar seu quarto período de governo com louvor.

O problema está no cenário externo. O grau de incerteza sobre o desfecho da crise na Europa é muito elevado. Ninguém sabe exatamente o que vai acontecer. Se vier o pior, com uma saída desordenada da Grécia da Eurozona, o governo entrará em estado de alerta permanente e medidas extremas serão adotadas.

Entre elas, a redução do superávit primário, a economia do governo para pagar os juros de sua dívida pública, hoje de 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto). Dentro do governo, já há quem defenda a redução imediata do superávit. A presidente e o ministro Guido Mantega (Fazenda), contudo, não abrem espaço, neste momento, para tocar no assunto.

Avaliam que, antes de tudo, os ministérios precisam gastar o dinheiro que está disponível, o que é possível ser feito sem tocar na meta de superávit primário. O grande risco de decidir anunciar uma redução hoje, segundo assessores presidenciais, é pagar o preço pela medida, que poderia ter efeitos negativos nas expectativas de mercado, e não conseguir gastar o dinheiro extra. É o que muita gente aposta que aconteceria.

Pelo menos no que se refere a gastos com investimentos. Seria possível torrar o dinheiro a mais em despesas de custeio. Aí, porém, o efeito multiplicador e positivo sobre a economia seria reduzido e teria vida curta. Isso nem a presidente nem Mantega querem. O negócio é torcer para que o pior não venha a acontecer. A conferir.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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