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valdo cruz

 

12/06/2012 - 07h03

O risco do risco

O fraco desempenho da economia brasileira em 2012 só fez aumentar, dentro do governo, o coro dos que defendem uma redução do superávit primário para elevar os gastos federais e, com isso, dar novo fôlego ao país. A tese parece defensável. O Brasil precisa elevar seus investimentos para recuperar o tempo perdido. Só que a proposta pode se virar o risco do risco.

Explico: o superávit primário é aquela economia que o governo faz para pagar juros de sua dívida. Faz parte da política fiscal austera do governo Dilma para auxiliar o Banco Central em sua estratégia de seguir reduzindo as taxas de juros, até que fiquem num patamar de país civilizado.

Reduzir essa economia do governo federal pode colocar em risco essa política do Banco Central, articulada com a presidente Dilma, na montagem do que foi chamado de novo mix da política econômica.

Só que o risco do risco dessa estratégia é essa grana extra, que seria liberada com a redução do superávit primário, acabar indo para gastos de custeio e não para investimentos. Seu efeito seria reduzido, podendo até dar um empurrãozinho na economia agora, mas não resolveria os problemas do país.

E esse é um risco elevado. Afinal, não está faltando, neste momento, dinheiro para investimento. Está faltando é capacidade gerencial para investir esses recursos, principalmente nos ministérios dos Transportes e das Cidades -onde há sobra de dinheiro em caixa, sem comprometer as metas do ajuste fiscal.

Daí que o governo pode até liberar mais grana para os ministérios, mas eles não teriam condições de aplicá-la, ainda neste ano, em investimentos, podendo desviá-la para outras áreas.

É por isso que tanto a presidente Dilma como o ministro Guido Mantega (Fazenda) não estão aceitando discutir, neste momento, a ideia de reduzir o superávit primário, atualmente de 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto). Dilma e Mantega têm dito aos demais ministros que, primeiro, o governo tem de gastar o que está disponível em caixa. Depois, então, seria até possível tratar do assunto.

O fato é que, por mais que o governo se movimente, o país tende a crescer na casa dos 2,5% neste ano. Acima disso, praticamente impossível. Abaixo, infelizmente, possível. Esse é o maior temor da presidente Dilma. Que está fazendo novas sessões de reuniões com sua equipe para articular medidas destinadas a reanimar a fraca economia brasileira neste ano.

Tudo indica que até a próxima semana um novo pacotinho estará sendo lançado. Medidas visando destravar os investimentos públicos. O que não dá para entender, por outro lado, é como algumas ações ficam engavetadas, sendo liberadas apenas quando bate um sentimento de urgência no ar.

É o caso da concessão ao setor privado dos aeroportos de Confins (MG), Galeão (RJ) e Salvador (BA). Só agora, quando o IBGE divulgou o fraquíssimo crescimento do primeiro trimestre, é que o Palácio do Planalto deu o sinal verde para a privatização destes aeroportos. Que estavam na fila, mas ainda dependiam do aval palaciano. Ou seja, está faltando rapidez na hora de o governo tomar algumas decisões.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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