Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 

valdo cruz

 

27/06/2012 - 20h28

Dilma vai às compras

Depois de tentar de tudo um pouco, a presidente Dilma decidiu literalmente ir às compras na busca de tentar salvar o final de 2012, um ano praticamente já dado, que, com muita sorte, deve registrar crescimento próximo, mas abaixo, dos 2,7% registrados em 2011.

Desde o início do ano, tão logo foi informada por sua equipe econômica de que os tão sonhados 4,5% de crescimento viraram pó por conta do agravamento da crise europeia, Dilma colocou seus assessores para elaborarem medidas na busca de evitar mais um ano fraco.

O forno da equipe econômica passou a produzir várias receitas, a maior parte voltada para estimular o consumo, sempre que um dado ruim sobre a atividade econômica era divulgado.

Assim, enquanto a previsão de crescimento caía continuamente, dos desejados 4,5% para algo próximo de 3%, o Banco Central cortava a taxa de juros e a equipe da Fazenda reduzia o IPI de automóveis, da linha branca, desonerava a folha de pagamento de 15 setores e forçava os bancos públicos a reduzir seus juros para aumentar o crédito no país.

Quando os indicadores passaram a mostrar que nem mesmo 3% seria possível atingir em 2012, Dilma e sua equipe perceberam que não bastava usar a receita de recorrer ao aumento do consumo para fazer a economia reagir. Buscou, então, incentivar os investimentos do setor privado, primeiro, depois os do setor público.

Foi assim que o governo ordenou que o BNDES reduzisse juros e criasse novas linhas de crédito para empresas privadas. Depois, veio o anúncio de R$ 20 bilhões para os Estados investirem. Por último, ontem, Dilma Rousseff decidiu, literalmente, ir às compras, usando o "poder de compra" da União.

Colocou dentro da bolsa do governo mais R$ 6,6 bilhões e decidiu usá-los, no segundo semestre, na compra de caminhões, ônibus escolares, carteiras escolares, ambulâncias, retroescavadeiras, tratores, motocicletas, blindados, trens e por aí vai.

O "poder de compra" do Estado, lembrou Dilma, não é uma nova receita brasileira. Já foi usada e continua sendo por Estados Unidos, China, Europa e outros países sempre que suas economias teimam em patinar.

Faz parte das recomendações de cartilhas econômicas como forma de compensar a retração do setor privado, sempre mais conservador quando o cenário é de crise econômica profunda.

É o caso atual, como destacou ontem Dilma Rousseff, ao avaliar que a crise de agora será mais complexa e mais duradoura do que a última vivida pelo mundo, em 2008/2009, que levou o Brasil a experimentar um período de recessão econômica.

Em outras palavras, o PAC Equipamentos, lançado ontem, tem sua validade econômica, mas terá efeito limitado sobre o crescimento do país neste ano. Vem um pouco tarde, dentro do espírito palaciano de ir soltando medida atrás de medida, passando a impressão de improviso no combate à crise.

Pelo menos, como dizia ontem um empresário, o governo não está parado e vai tentando reagir. Falta, porém, lembrava ele, enfrentar com sentimento de urgência problemas estruturais, como, por exemplo, o elevado custo da energia e impor trava para o crescimento de gastos de custeio da União.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página