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valdo cruz

 

11/07/2012 - 20h34

Desconfiança mesmo com juros baixos

O Banco Central reduziu os juros para 8% ao ano, taxa nunca vista por essas bandas; o desemprego está baixo, uma conjuntura de quase pleno emprego; a renda do trabalhador segue em patamares razoáveis e a inflação está sob controle. Apesar de tudo isso, o clima é desconfiança tanto aqui dentro como lá fora em relação ao Brasil, o que causa desconforto no governo e gera um sentimento no Palácio do Planalto de que é preciso agir com rapidez.

Em outras palavras, a safra de dados positivos não está gerando, pelo menos esta é a percepção de muita gente, ventos favoráveis na economia brasileira. Prevalece, pelo contrário, um cenário de dúvida no momento atual sobre a capacidade de reação do país. Tudo indica que o governo vai perdendo a guerra das expectativas.

Numa situação de normalidade, era para o governo estar apenas festejando. Afinal, a estratégia da presidente Dilma de derrubar os juros está dando certo. O BC cortou os juros mais uma vez e deve seguir neste caminho, pelo menos nas duas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária). Há quem, dentro do governo, espere uma taxa de pelo menos 7% no final do ano.

A queda contínua das taxas de juros vai abrir espaço para um novo mundo na nossa economia. Só que, por infelicidade do governo, de um lado, e certa incompetência e lentidão, de outro, as coisas não estão caminhando no ritmo esperado pela equipe da presidente Dilma. O Brasil vai patinar em 2012. Cresceremos na casa de 2%, abaixo do crescimento do ano passado, que já foi baixo, de 2,7% -num cenário de juros menores.

O fato é que o governo demorou um pouco para acordar e perceber que o ritmo de crescimento brasileiro está travado não só por conta da crise econômica da Europa. Desafios estruturais não foram enfrentados com a necessária urgência nos últimos anos. Perdemos uma grande oportunidade de aproveitar o período de vacas gordas para avançar na solução de gargalos de nossa economia, como a alta carga tributária e os custos elevados de energia, por exemplo.

Agora, a presidente corre contra o tempo. Passou as últimas semanas dedicando boa parte de sua agenda na busca de soluções para projetos que estavam se arrastando dentro do governo. Promete anunciar, até agosto, um pacote de concessões nas áreas de aeroportos, portos, rodovias, ferrovias e energia elétrica. Quer enfrentar a crise do baixo investimento público e privado no país.

O governo avalia que estas concessões vão abrir o caminho para a retomada do crescimento brasileiro em 2013, terceiro ano do mandato de Dilma Rousseff. Diagnóstico correto, mas que poderia e deveria ter sido feito desde o ano passado. Melhor dizendo, desde o governo Lula. Agora, tomara que o governo não perca mais tempo. Toda pressa, hoje, é bem-vinda e necessária.

*

PS.: Saio em férias na próxima semana; até a volta

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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